O primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, levou o seu Partido Conservador à vitória nas eleições legislativas desta terça-feira (14), mas analistas políticos projetam que ele não obteve a maioria no Parlamento, motivo da convocação do sufrágio no mês passado.
O Partido Conservador obteve 144 cadeiras das 308 do Parlamento, de acordo com resultados parciais, mas quase totalizados, da Elections Canada, o tribunal eleitoral do país. Isso representa um ganho de 17 cadeiras sobre a representação anterior dos conservadores. O Partido Liberal, principal rival do Conservador, conquistou 74 cadeiras, com a perda de 21. Para formar uma maioria de governo, são necessárias 155 cadeiras. Isso indica, confirmados os resultados, que Harper terá que negociar com partidos de centro-esquerda para formar maioria, como ocorre desde 2006.
O Partido Liberal, que durante muito tempo governou o país, encolheu nessa eleição: caiu de 95 para 76 postos no Parlamento. O líder dos Liberais, Stéphane Dion, ofereceu "total apoio nessa difícil época econômica" ao partido governista.
Em tese, os partidos derrotados poderiam se aliar para formar um governo sem os Conservadores e derrubar Harper. Porém segundo analistas uma coalizão desse tipo não é comum no Canadá.
A eleição foi uma derrota para os liberais, que governaram o Canadá durante a maioria dos 141 anos de existência do Parlamento, até que um escândalo há quatro anos afastou-os do poder e permitiu a vitória dos conservadores liderados por Harper em 2006.
Harper foi criticado por sua fraca atuação diante da crise financeira. Ele afirmou nesta quarta-feira que se encontrará com líderes europeus para discutir questões econômicas e anunciou hoje um plano econômico para o Canadá.
"O trabalho número um do primeiro-ministro do Canadá é proteger a economia do país, nossos lucros, poupanças e empregos, em um tempo de incerteza econômica e financeira global", disse Harper. "O mandato que recebemos das urnas nos permitirá continuar em frente com nosso trabalho", afirmou em Ottawa.
Harper pretende controlar mais os gastos públicos, apresentar um plano fiscal ao Parlamento até o final de novembro e convocar um novo encontro de ministros de finanças dos países do G-7.
Na sexta-feira, Harper terá um encontro com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e com o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso. A viagem estava planejada antes das eleições no Canadá.
A economia do Canadá ainda está relativamente sólida, com dados positivos de emprego, após uma década de superávits no orçamento e um sistema bancário forte.
Mas a crise financeira e econômica nos Estados Unidos, principal parceiro comercial dos canadenses, poderá cruzar a fronteira. O Canadá produz, em grande parte, para exportar ao seu vizinho gigante. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.