O Partido Nacional (PN), do presidente eleito Porfirio Lobo e dono da segunda maior bancada no Congresso, decidiu votar em bloco contra Manuel Zelaya, praticamente enterrando as chances de o presidente deposto ser restituído. Até as 23 h (horário de Brasília), a votação não havia sido concluída.
A posição do PN foi lida no início da sessão pelo chefe da bancada, Rodolfo Irias Navas. Segundo ele, os nacionalistas votariam contra, "levando em conta (que Zelaya) deu declarações claras e contundentes contrárias às eleições mais limpas, transparentes e disputadas que o nosso país teve".
Com 55 dos 128 deputados, o PN era considerado crucial para a volta de Zelaya, já que a maior bancada, a Liberal (62), estava dividida com relação ao tema. Até a declaração de Navas, os nacionalistas não haviam oficializado a sua posição.
A votação era por maioria simples, ou seja, Zelaya precisaria de 65 votos para ser restituído.
Antes da declaração de Navas, o deputado Gonzalo Rivera, da mesa diretora, leu os pareceres de Ministério Público, Corte Suprema, Procuradoria-Geral da República e Comissionado Nacional dos Direitos Humanos (Conadeh), todos contrários à restituição.
Os pareceres, que não são vinculantes à votação, mencionaram principalmente a tentativa do presidente deposto de convocar uma Assembleia Constituinte, além de outras supostas infrações.
No parecer da Corte, o de maior peso, Zelaya é acusado de desrespeitar o Artigo 239 da Constituição, que prevê a destituição do cargo público e a inabilitação por dez anos para quem tente se reeleger presidente ou proponha modificar as regras. Pela Carta, o mandato presidencial é de quatro anos, sem reeleição consecutiva ou alternada.
Duas vezes, antes e durante a sessão, os dois telões instalados no plenário mostraram um pequeno documentário com as principais justificativas para a deposição de Zelaya, principalmente a tentativa de buscar a convocação da Constituinte.
A defesa de Zelaya coube ao deputado e ex-candidato presidencial César Ham, da esquerdista Unificação Democrática (UD), que tem cinco deputados.
"Como se pode chamar sucessão constitucional a invasão da casa do presidente da República, de onde ele foi arrancado em pijama e com o uso das armas?", afirmou Ham, que teve o discurso interrompido quatro vezes por gritos de deputados e jornalistas hondurenhos os principais meios de comunicação apoiam a deposição.
O presidente deposto nega que buscasse a reeleição. Diz que uma Constituinte só seria instalada após seu mandato, que acabaria em 27 de janeiro.
Zelaya queria que a Constituinte fosse convocada mediante referendo, que seria realizado no último domingo, junto com as eleições.