Pela primeira vez em 30 anos o ANC terá que negociar para manter seu representante na presidência da África do Sul| Foto: EFE/EPA/KIM LUDBROOK
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O partido governista da África do Sul, o Congresso Nacional Africano (ANC), ao qual pertenceu Nelson Mandela, venceu as eleições gerais ocorridas na quarta-feira (29) com 40% dos votos, mas perdeu a maioria absoluta com a qual governou o país desde que Mandela chegou ao poder em 1994, segundo apontam os resultados provisórios, com 99% dos votos computados.

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Segundo os últimos dados da Comissão Eleitoral Independente (IEC), o ANC obteve seu pior resultado em 30 anos, o que obrigará o atual presidente, Cyril Ramaphosa, a fechar acordos com outros partidos para conseguir um segundo mandato de cinco anos em uma África do Sul que enfrenta neste momento o aumento do crime e do desemprego.

É a primeira vez que o ANC – que obteve 57,5% dos votos em 2019 – não alcança a maioria absoluta desde as primeiras eleições multirraciais na África do Sul, após o fim do regime do apartheid em 1994, quando Mandela se tornou o primeiro presidente negro do país.

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Em segundo lugar neste pleito está a Aliança Democrática (AD, de centro-direita) de John Steenhuisen, com 21,63% dos votos, o que melhoraria ligeiramente seu resultado de 2019, quando obteve 20,77%.

O terceiro lugar é ocupado pelo uMkhonto weSizwe (Partido MK), a nova legenda do ex-presidente Jacob Zuma (2009-2018), com 14,71%, cuja participação influenciou significativamente na divisão da votação do ANC.

O Tribunal Constitucional impediu Zuma – condenado em 2021 a 15 meses de prisão por desacato – de participar destas eleições em plena campanha, mas mesmo assim a legenda desbancou do terceiro lugar os Combatentes pela Liberdade Econômica (EFF, da extrema-esquerda marxista) de Julius Malema, que antes das eleições se destacava como a terceira força política no país e agora aparece em quarto lugar, com 9,39%.

Quase 28 milhões de sul-africanos foram convocados às urnas na última quarta-feira. A IEC cifrou a taxa de participação provisória em 58,59%, abaixo dos 66% de 2019, apesar do entusiasmo palpável entre a população.

Os sul-africanos decidiram entre 70 partidos e 11 candidatos independentes para eleger os 400 membros da Assembleia Nacional (Parlamento da África do Sul), que por sua vez devem escolher o presidente. Além disso, votaram para definir as autoridades das nove províncias do país.

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Embora a comissão eleitoral tenha sete dias para anunciar os resultados oficiais, sua divulgação está prevista para ocorrer já neste domingo (2).

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]