O Baratiya Janata Party (BJP, Partido do Povo Indiano), do oposicionista Narendra Modi, obteve uma vitória acachapante nas eleições indianas, segundo resultados que estão sendo divulgados nesta sexta-feira (16).
O partido deve ganhar 281 assentos dos 543 da Lok Sabha, espécie de câmara de deputados da Índia. Isso significa que eles podem formar o governo mesmo sem apoio de nenhum aliado, é a primeira vez em 30 anos que um único partido obtém a maioria. O partido que obtém a maioria de 272, sozinho ou por meio de coalizões, escolhe o primeiro-ministro.
A coalizão liderada pelo BJP, a NDA (Aliança Democrática Nacional), deve ganhar mais de 330 assentos. "Modi vai ficar no poder 20 anos, ele é um líder forte", comemorava o vendedor Raju Badhav.
O partido do Congresso, da família Gandhi e atualmente no governo com o primeiro-ministro Manmohan Singh, teve o pior resultado de sua história. "Obviamente estamos chocados, foi muito pior do que esperávamos, mas o partido já enfrentou situações difíceis, tenho certeza de que vamos sair dessa derrota mais sábios", disse Jairam Ramesh, ministro do Desenvolvimento Rural. Desde a independência da Índia, em 1947, o partido do Congresso só não governou o país por 13 anos
Cotado para ser primeiro-ministro, Rahul Gandhi, filho de Sonia, saiu humilhado.
Na frente da sede do partido, eleitores do partido do congresso gritavam "tragam Priyanka, salvem o partido do Congresso", referindo-se à irmã de Rahul, Priyanka, mais carismática.
Comício
Modi fez um comício em Vadodara para milhares de eleitores que gritavam "Modi Modi", enquanto ele fazia o V da vitória. "O mérito dessa vitória é do povo da Índia", ele discursou.
Antes, ele passou na casa de sua mãe, que tem 95 anos, e posou para um "selfie", que twitou. Modi, que fez uma campanha tecnológica com direito a comícios com hologramas dele em 3D, afirmou no Twitter "A Índia ganhou. Os bons tempos voltaram".
Modi energizou o eleitorado com promessas de criação de empregos e apelos sutis ao nacionalismo hindu.
Para o empresariado indiano e boa parte da população, Modi, 63, vai resgatar a Índia de sua pasmaceira econômica. Nos últimos anos, o crescimento do país desacelerou - 3,2% em 2012 e 3,8% no ano passado. A Índia precisa crescer pelo menos 8% para absorver o 1 milhão de trabalhadores que entram no mercado de trabalho todo mês.
Modi consolidou sua imagem de administrador eficiente como ministro-chefe (governador) de Gujarat, que cresce bem mais que o resto da Índia, e promete implementar uma política econômica de ênfase ao livre mercado, contrária a tradição estatista da Índia.
Nos últimos dias, o mercado financeiro reagiu positivamente dias às expectativas de uma vitória de Modi por ampla margem, e a bolsa da Índia registrou recorde de alta.
Muçulmanos
Modi era ministro-chefe de Gujarat durante o massacre de 2002, que levou à morte de mais de 1000 pessoas, na maioria muçulmanos. Ele foi acusado de ter incitado hindus à violência.Uma equipe de investigação inocentou Modi, mas muitos a questionaram. O candidato desperta temores em boa parte dos 138 milhões de muçulmanos indianos.
Ele foi hostilizado por outros países após o massacre de Gujarat e os EUA cassaram seu visto. Agora, países ocidentais tentam reatar com Modi, diante de sua vitória iminente.
Seu principal oponente era Rahul Gandhi, filho de Sonia e do ex-primeiro-ministro Rajiv Gandhi, e neto da ex-primeira ministra Indira Gandhi. Atacado por Modi como herdeiro de uma dinastia política alienada da população, Rahul, do Partido do Congresso, foi um candidato muito relutante e continuou pouco engajado durante a campanha.