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Os primeiros resultados da contagem de votos para as eleições legislativas na Rússia não deixam dúvidas de que, mais uma vez, o partido Rússia Unida, que apoia o presidente Vladimir Putin, que já liderou o partido mas hoje é independente, sairá vencedor das urnas. A eleição vai definir os 450 assentos da Duma, a câmara baixa do parlamento russo.
A vitória, no entanto, não deverá ser tão expressiva como no último pleito, em 2016, quando o partido Rússia Unida obteve 54,2% dos votos. Neste domingo (19), com quase 33% dos votos contabilizados, até às 22h no horário de Brasília, o partido de Putin liderava a preferência dos eleitores com 45%, contra cerca de 22% do Partido Comunista, frequentemente alinhado ao Kremlin.
Parte significativa do aumento do apoio aos comunistas (em 2016 receberam apenas 13% dos votos) é atribuída à campanha do “voto inteligente”, lançada por adversários de Putin impedidos de concorrer e ligados ao oposicionista Alexey Navalny, que está preso desde janeiro.
A campanha fez com que os opositores nomeassem mais mil candidatos pelo país como opção de “voto inteligente”, a maioria dos citados era comunista. Até o primeiro dia da eleição, na última sexta-feira (17), um aplicativo para celulares mostrava em quais candidatos o eleitor deveria votar para ter mais chances de derrotar o partido Rússia Unida.
No mesmo dia, sob pressão do governo russo, Google e Apple retiraram o aplicativo de suas lojas. O Telegram também bloqueou o software do “Voto Inteligente” e, neste domingo, desapareceram do YouTube e do Google Docs os vídeos e as listas de candidatos da oposição com mais chance de vitória.
Além disso, a eleição russa também enfrentou ataques cibernéticos no sábado (17). A Comissão Eleitoral russa denunciou três ciberataques procedentes do exterior direcionados aos seus sites. Segundo representantes da comissão, os ataques foram "poderosos" e tentaram sobrecarregar os portais por meio da negação de serviço. O porta-voz, entretanto, não disse quais países estariam por trás do suposto ataque.
Com adversários mais notórios presos, foragidos ou impedidos de concorrer – o Kremlin os classifica como "extremistas" – Putin deve celebrar a vitória nas próximas horas.
Pela primeira vez em 28 anos, as restrições criadas pelo governo russo impediram a presença de observadores internacionais da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (Osce), que atua na promoção de estabilidade, paz e democracia em 57 países.