O partido da líder pró-democracia em Mianmar Aung San Suu Kyi, que boicotou as eleições gerais do ano passado, disse nesta sexta-feira que vai concorrer nas próximas eleições suplementares, no mais recente sinal de aproximação política com o novo governo do país.
O Comitê Executivo Central do partido Liga Nacional para a Democracia (LND), de 106 membros, votou por unanimidade para registrar a legenda, que foi oficialmente dissolvida no ano passado pelo regime militar, e concorrer nas próximas eleições suplementares.
Em uma reunião para decidir se faria o registro do partido novamente, Suu Kyi disse aos membros que era a favor de disputarem cadeiras na Câmara, mas não falou se ela mesma estaria interessada em se tornar membro do Parlamento.
"Em minha opinião, gostaria que o partido se registrasse novamente e concorresse nas eleições suplementares em todos os 48 distritos eleitorais", disse ela no encontro, que contou com a participação de jornalistas.
Nenhuma data foi anunciada para a realização das eleições suplementares, mas a previsão é que sejam marcadas até o final do ano.
A LND, a maior força de oposição de Mianmar, venceu as eleições em 1990 por ampla margem, mas os militares se recusaram a ceder o poder e, nas duas décadas seguintes, suprimiram as atividades do partido, colocando muitos de seus membros na prisão.
O partido boicotou a eleição seguinte, realizada em 7 de novembro do ano passado, por causa de leis rígidas que impediram muitos de seus membros de participar. Como resultado, as autoridades oficialmente o dissolveram, mas ele continuou funcionando e obtendo forte apoio do público.
Mianmar recentemente alterou a lei dos partidos políticos com a remoção de uma cláusula que impedia qualquer condenado por um crime de aderir a um partido ou participar de uma eleição, abrindo o caminho para aqueles que estiveram presos, incluindo Suu Kyi, concorrerem nas eleições.
Suu Kyi, filha do falecido herói da independência Aung San e adversária ferrenha dos ditadores militares, passou 15 dos 21 anos anteriores sob prisão domiciliar até ser libertada há um ano.
Laureada com o Prêmio Nobel da Paz, ela possui considerável influência sobre o partido e a votação unânime em apoio ao seu ponto de vista era amplamente esperada.
Fontes do LND afirmam que o partido estava dividido sobre concorrer à eleição do ano passado, mas votou de forma unânime pelo boicote depois de Suu Kyi afirmar que ela "nem sonharia" em participar.
A decisão de alterar as leis do partido foi amplamente vista como um movimento para colocar a LND no novo aparato legislativo de Mianmar, que tem operado mais livremente que o esperado e permitido o debate público que era proibido no regime militar.
Mas mesmo que o partido vença nas eleições suplementares, ainda será uma voz minoritária em um parlamento dominado por soldados e aliados dos militares.
Governo pressiona STF a mudar Marco Civil da Internet e big techs temem retrocessos na liberdade de expressão
Clã Bolsonaro conta com retaliações de Argentina e EUA para enfraquecer Moraes
Yamandú Orsi, de centro-esquerda, é o novo presidente do Uruguai
Por que Trump não pode se candidatar novamente à presidência – e Lula pode