Abuja O partido do governo da Nigéria está na expectativa de uma vitória na eleição presidencial que, segundo monitores independentes e a oposição, foi fraudada. O principal candidato da oposição disse que não vai aceitar o resultado e defendeu o impeachment do presidente Olusegun Obasanxjo, que está para deixar o cargo. "Não aceitaremos isso. Sem dúvida não houve eleição em mais da metade dos estados", disse o ex-governante militar Muhammadu Buhari na casa dele, em Katsina, norte da Nigéria.
Rivers, o primeiro estado a divulgar resultados, revelou uma vitória esmagadora para Umaru YarAdua, candidato do Partido Democrático do Povo, escolhido por Obasanjo para sucedê-lo. Houve relatos generalizados de fraude na eleição, realizada no sábado, como votos de eleitores inexistentes, falta de cartelas de votação e intimidação. A votação deveria ser a primeira vez que um presidente civil transfere o poder para o outro nesse país, o mais populoso da África e um grande produtor de petróleo. A Nigéria passou décadas sob governos militares, que deixaram os nigerianos na pobreza.
Monitores independentes disseram que a eleição deve ser realizada novamente porque muitos nigerianos não puderam votar. Sabe-se que, até agora, 16 pessoas morreram em violência ligada à eleição do sábado. É bem abaixo das 50 mortes em votações estaduais na semana anterior, consideradas fraudulentas. Observadores da União Européia também manifestaram suas reservas, afirmando que viram atos de violência, urnas "recheadas" com votos falsos e falta de cartelas de votação. Em nota oficial, a presidência da UE em Bruxelas pediu que o governo nigeriano garanta que não haja dúvidas sobre a credibilidade dos resultados da eleição. O líder do Senado da Nigéria, Ken Nnamani, que ocupa o terceiro cargo na hierarquia do estado, disse que a Nigéria abdicou do seu papel de exemplo para o resto da África. "Isso deixará um legado de ódio. As pessoas vão odiar a nova administração e eles enfrentarão uma crise de legitimidade", disse ele.
O governo, porém, afirma que as críticas são parte de uma conspiração e acusou Nnamani de envolvimento. A comissão eleitoral admitiu que em algumas partes da Nigéria o material para a eleição chegou atrasado, mas disse que isso não invalida o resultado. "A eleição que tivemos ontem foi livre e justa. Ninguém foi molestado", disse o chefe da comissão, Maurice Iwu. O governo afirma que conspiradores tentam desacreditar a eleição e alimentar protestos, depois de não terem conseguido fazer explodir a sede da justiça eleitoral no sábado, com um caminhão-bomba que não explodiu.
Buhari, que perdeu as eleições de 2003 para Obasanjo, disse que vai se reunir com outros líderes da oposição hoje, na capital Abuja, para decidirem sobre uma frente comum contra o Partido Democrático do Povo. Ele defendeu que eleição seja realizada novamente antes de 29 de maio, data em que Obasanjo deve deixar o cargo, depois de dois mandatos consecutivos.
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