Líder de esquerda rejeita acordo
O líder da coalizão de esquerda radical Syriza, Alexis Tsipras, admitiu a derrota de sua coligação para o partido conservador Nova Democracia nas eleições realizadas ontem na Grécia. Ainda segundo ele, o Syriza não deve participar de nenhuma espécie de governo de unidade nacional.
Em pronunciamento televisionado, Tsipras informou ter telefonado para o líder do Nova Democracia, Antonis Samaras, para parabenizá-lo pela vitória e observou que o Nova Democracia poderá agora formar um novo governo, ao contrário do que aconteceu na eleição de 6 de maio, que terminou com resultado inconclusivo.
Tsipras disse que o Syriza atuará a partir de agora como uma força "honrosa de oposição", praticamente descartando qualquer possibilidade de participação de alguma espécie de governo de unidade.
Ele reiterou a posição de sua coligação, contrária ao rigoroso programa de austeridade exigido pelos credores da Grécia, e conclamou a Europa a se distanciar dos planos de aperto adotados para fazer frente à crise.
"Todos têm de reconhecer que as medidas de austeridade não podem continuar em vigor porque violam o veredicto popular", declarou. "A proposta de reverter o memorando de empréstimo é a única solução viável não apenas para os gregos, mas para os outros povos europeus. É a única solução viável para a Europa."
O difícil entendimento
O partido Nova Democracia, vitorioso nas eleições de ontem, precisará do apoio de outros partidos para governar a Grécia. Veja algumas das possibilidades de acordo entre as legendas:
Nova Democracia e Socialistas(Pasok)
É a coalizão apontada como mais provável pelos analistas. Os dois partidos poderiam formar um governo com pelo menos 162 cadeiras no Parlamento. O problema é que os socialistas se negam a integrar um governo sem o apoio de outras forças políticas. O líder do Pasok, Evánguelos Venizelos, propôs um acordo com o Syriza, que elegeu cerca de 70 deputados, mas o partido de esquerda radical já adiantou que não participará de um governo que cumprirá o programa de austeridade da União Europeia.
Nova Democracia, Socialistas (Passok) e Dimar
A moderada Esquerda Democrática (Dimar) terá uma representação de aproximadamente 6% do Parlamento, o que a torna atrativa para os planos do Nova Democracia na formação do novo governo. O partido, entretando, enfrenta resistências internas a uma coalização, já que é formado por dissidentes socialistas e da esquerda radical. O Dimar tende a impor uma condição para participar do governo, isto é, a participação do Syriza.
Nova Democracia, Socialistas e Conservadores
É a coalizão mais improvável, segundo os analistas. Os conservadores do partido Gregos Independentes não concordam com as condições do pacote de austeridade da União Europeia.
A Constituição da Grécia prevê nova eleição em caso de os partidos não conseguirem, novamente, formar um governo.
O partido conservador Nova Democracia, favorável, ainda que com ajustes, ao pacote de austeridade imposto à Grécia pela União Europeia, venceu as eleições parlamentares de ontem no país.
Mas a formação de um novo governo que aceite o pacote, crucial para o país manter-se na zona do euro, ainda é incerta. A sigla terá de negociar a formação de uma coalizão com outras legendas.
Com 99% dos votos apurados, o Nova Democracia tinha 29,7% e 129 cadeiras no Parlamento, menos do que as 151 que garantem a maioria.
De acordo com a legislação grega, a sigla mais votada tem direito a 50 vagas adicionais às que obteve na votação proporcional.
Antonis Samaras, 61 anos, líder do partido e primeiro-ministro se houver acordo, declarou, após a eleição, que o resultado foi "uma vitória para toda a Europa".
O Syriza (Coalizão da Esquerda Radical), que conquistou um inédito segundo lugar com um discurso contrário ao pacote de socorro, deverá ter 71 parlamentares.
O terceiro lugar coube ao socialista Pasok, que, com 33 cadeiras, terá papel decisivo na formação de uma coalizão. Ao lado do Nova Democracia, o Pasok constituiu a base do governo interino do ex-primeiro-ministro Lucas Papademos, período em que foi acertado o segundo pacote de socorro ao país.
Apesar disso, dirigentes do Pasok declararam ontem à noite que só aceitariam participar de uma coalizão que contasse com a participação do Syriza e do partido Esquerda Democrática, que obteve 6,2% dos votos e 17 representantes no Parlamento.
A tarefa é inviável: o líder do Syriza, Alexis Tsipras, 37 anos, anunciou que seu partido fará oposição às políticas de austeridade.
As autoridades europeias temiam uma vitória do Syriza na votação, pois isso poria em risco a permanência da Grécia no euro.
Assim, Samaras terá de convencer os socialistas a formar com ele um governo.
Entre os maiores críticas do pacote europeu, a grande surpresa é o partido Aurora Dourada, de extrema direita, que obteve cerca de 7% dos votos, o suficiente para ingressar pela primeira vez no Parlamento com 18 representantes no total. O Aurora Dourada é associado ao neonazismo, mas suas lideranças negam o rótulo, dizendo ser nacionalistas.
Alemanha, FMI e Eurogrupo exigem respeito aos acordosAgência Estado
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, parabenizou ontem o líder do partido Nova Democracia pela vitória nas eleições, informou o governo alemão por meio de nota. Por telefone, Merkel parabenizou Samaras "ao mesmo tempo em que disse esperar que a Grécia cumpra seus compromissos com a Europa". Exigências também foram feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Eurogrupo.
O FMI informou que está preparado para retomar os contatos com o governo da Grécia. "Estamos prontos para trabalhar com o novo governo de forma a ajudar a Grécia a conquistar o objetivo de restaurar a estabilidade financeira, o crescimento econômico e a recuperação dos empregos", disse um porta-voz.
Já os ministros das Finanças dos países da zona do euro, que formam o chamado Eurogrupo, manifestaram expectativa em que a Grécia cumpra os compromissos assumidos em troca do segundo pacote de resgate financeiro ao país, mas disseram que "trocariam ideias" com o próximo governo do país com relação ao caminho a ser seguido.
Em comunicado, os ministros das Finanças dos países da zona do euro, que formam o chamado Eurogrupo, declararam que "os resultados iniciais devem permitir a formação de um governo que leve adiante o apoio do eleitorado" à restauração da economia grega rumo ao crescimento. Os integrantes do Eurogrupo disseram esperar "a rápida formação de um novo governo grego que assuma a propriedade do programa de ajuste sobre o qual a Grécia e o Eurogrupo se comprometeram no início do ano". As informações são da Dow Jones.
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