O partido Congresso Nacional Africano (CNA) e seu maior rival, a Aliança Democrática (AD), concordaram nesta sexta-feira (14) em trabalhar juntos em um novo governo de união nacional na África do Sul, uma reviravolta política após 30 anos de governo majoritário do CNA.
Antes impensável, o acordo entre os dois partidos fortemente antagônicos é a mudança política mais importante na África do Sul desde que Nelson Mandela levou o CNA à vitória nas eleições de 1994, que marcaram o fim do apartheid.
"Hoje, a África do Sul é um país melhor do que era ontem. Pela primeira vez desde 1994, embarcamos em uma transferência de poder pacífica e democrática para um novo governo que será diferente do anterior", disse o líder da AD, John Steenhuisen, em um discurso televisionado.
"A partir de hoje, a AD co-governará a República da África do Sul em um espírito de união e colaboração", disse ele, acrescentando que o governo multipartidário é o "novo normal".
O CNA perdeu sua maioria absoluta pela primeira vez na eleição de 29 de maio e passou duas semanas em intensas negociações nos bastidores com outros partidos, que chegaram ao fim nesta sexta-feira, quando o novo Parlamento se reuniu.
Dois partidos menores, o conservador Partido da Liberdade Inkatha e a Aliança Patriótica, também participarão do governo, segundo as negociações.
"Hoje marca o início de uma nova era em que colocamos nossas diferenças de lado e nos unimos para a melhoria de todos os sul-africanos", disse Sihle Zikalala, membro do corpo diretivo do CNA, em uma publicação no X.
Reunida em um centro de convenções da Cidade do Cabo - porque sua sede permanente foi danificada por um incêndio em 2022 - a recém-eleita Assembleia Nacional iniciou os trabalhos com o juramento dos parlamentares. A câmara deve então eleger seu presidente e vice-presidente e o presidente do país.
O presidente Cyril Ramaphosa, líder do CNA, deve conquistar um novo mandato com o apoio dos outros partidos no pacto do governo de união. Uma fonte da AD disse que o partido receberá o cargo de vice-presidente da Assembleia Nacional como parte do acordo.
A perda de maioria do partido governista é um reflexo de uma série de problemas enfrentados pelo país nos últimos anos, envolvendo principalmente a situação econômica e de emprego.
O novo governo precisará lidar com uma taxa oficial de desemprego nas alturas - uma das maiores do mundo, atingindo 32% da população, sendo 45% formada por jovens. Além disso, mais da metade da população sul-africana está vivendo atualmente abaixo da linha da pobreza, segundo estimativas do Banco Mundial.
Outro grande problema que afeta a população é no setor da Economia. As projeções apontam que o crescimento econômico da nação africana deve permanecer baixo nos próximos três anos. No ano passado, dados oficial mostraram que o Produto Interno Bruto (PIB) da África do Sul atingiu um crescimento de apenas 0,6%.
O país também enfrenta uma alta da criminalidade. Segundo agência internacionais, o número de homicídios está no ponto mais alto em 20 anos, com uma média de 83 assassinatos por dia nos últimos três meses de 2023.
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