O Partido das Regiões (PR), do presidente Viktor Yanukovich, ganhou as eleições legislativas deste domingo (28) na Ucrânia, segundo pesquisas de boca de urna, embora não esteja garantido que tenha conseguido a maioria no parlamento. "Está claro que o Partido das Regiões ganhou. Aqueles que não acham que isso é claro são poucos", afirmou em entrevista coletiva Nikolai Azarov, primeiro-ministro e líder do PR.

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Azarov definiu o pleito como limpo, apesar das várias denúncias de fraude do partido da ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko, que descreveu a votação como uma das mais sujas dos últimos anos.

Segundo a pesquisa do instituto SOCIS, o PR recebeu 30,5% dos votos, o que corresponde a 74 cadeiras das 225 em disputa.

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Outras pesquisas indicam que o governo recebeu entre 32% e 27,6%, um resultado muito melhor do que o previsto pelos analistas políticos do país, apesar do descontentamento popular com a corrupção, do aumento do custo da vida e da repressão da oposição.

Já o o Batkivschina, partido opositor de Tymoshenko, também superou as expectativas e obterá, segundo o SOCIS, 23,9% (58 cadeiras). A ex-premiê e agora líder opositora votou na presença de observadores da OSCE sem se levantar da cama do hospital onde está internada desde agosto, com problemas na coluna.

"Cada um deve lutar contra a ditadura como puder. Por isso, me dirijo a todos os ucranianos: Votem¡. Sua alta participação pode ser um antídoto contra a falsificação", dizia um panfleto eleitoral de Tymoshenko, que cumpre pena de sete anos de prisão e declarou que "estas eleições não podem ser reconhecidas como legítimas".

A recém fundada Aliança Democrática Ucraniana pelas Reformas (UDAR), do boxeador campeão dos pesos pesados, Vitali Klitschko - que expressou hoje sua vontade de fazer uma aliança com Tymoshenko - teria obtido um extraordinário resultado: 13% a 15%.

No entanto, são os comunistas, aliados naturais do PR, os que podem ter a chave da governabilidade com um histórico 12% a 13%, seu melhor resultado eleitoral em muitos anos.

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Os nacionalistas do partido Svoboda (Liberdade), que assinaram antes da votação um pacto com Tymoshenko, seriam o quinto partido a formar o arco parlamentar, ao superar, com votação de 11% a 13%, a porcentagem mínima (5%).

Com estes resultados, os dirigentes do Partido das Regiões cantaram vitória e anteciparam que conseguirão a maioria parlamentar e poderão formar um governo.

No entanto, será preciso esperar os resultados das circunscrições majoritárias, onde é disputada a metade das 450 cadeiras da Rada Suprema (Parlamento), modificação introduzida pelo PR e que costuma favorecer o partido que ostenta o poder.

Só então será possível saber se o governo, com ajuda dos comunistas, conseguirá a maioria simples, já que a maioria constitucional (300 cadeiras) parece improvável.

Já a leitura feita pela oposição unificada em torno do Batkivschina é diferente, pois, segundo o cabeça de chapa, Arseni Yatseniuk, as eleições "deixaram bem claro que o povo da Ucrânia apoia a oposição, e não o poder".

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Yatseniuk se referiu às pesquisas segundo as quais, por listas de partidos, o PR e os comunistas superam a duras penas a margem de cem deputados, enquanto os outros três partidos opositores podem chegar a 130 cadeiras.

No entanto, para conseguir a maioria parlamentar, a oposição deve conseguir a vitória em quase cem circunscrições, resultado que parece inalcançável devido ao ferrenho controle regional por parte do partido de Yanukovich.

É por isso que a oposição advertiu sobre uma possível fraude durante a apuração dos votos nos circunscrições majoritárias, o que foi descartado pela Comissão Eleitoral Central.

Para prevenir protestos contra a fraude, como ocorreu na Revolução Laranja de 2004, a prefeitura de Kiev proibiu as manifestações na cidade até 12 de novembro.

Segundo os analistas, este pleito é um ensaio para as eleições presidenciais de 2015, e por isso, em caso de vitória, Yanukovich poderia reformar a Constituição para que seja a maioria parlamentar, e não os cidadãos por voto direto, quem vai eleger o presidente daqui a três anos.

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Além disso, essas eleições são fundamentais para as relações entre Ucrânia e a União Europeia, que suspendeu as negociações para a assinatura de um acordo de associação com Kiev devido à repressão da oposição.