O partido governista do Zimbábue, Zanu-PF, vai começar o processo para o impeachment do presidente Robert Mugabe nesta segunda-feira (20), enquanto o ditador negocia com os militares um acordo para renunciar ao cargo.
De acordo com a rede de TV americana CNN, os militares já teriam aceitado os pedidos do veterano ditador, que incluem imunidade para ele e sua família. Segundo o canal, que cita fontes militares, a carta de renúncia de Mugabe está sendo preparada.
O Zanu-PF, partido do próprio Mugabe, tinha dado um prazo até o meio-dia desta segunda (10h de Brasília) para o ditador deixar a presidência do país. Ele já foi destituído da liderança da sigla.
Como não houve a renúncia, o líder da legenda Lovemore Matuke disse à agência de notícia Reuters que o processo para o impeachment começaria às 12h30 (10h30 de Brasília).
Em um rascunho do pedido de impeachmeant, o ditador é acusado de ser uma "fonte de instabilidade" no país e de ter desrespeitado o Estado de Direito. O documento culpa ainda Mugabe pela crise econômica que assola o país nos últimos 15 anos.
O impeachment poderá ver Mugabe expulso por um voto do parlamento em menos de um dia e representaria um vergonhoso fim para a carreira do "Grande Velho" da política africana, que uma vez foi considerado um herói anticolonial. O ditador comanda o país desde a independência, em 1980.
No papel, o processo é relativamente longo, envolvendo uma sessão conjunta do Senado e Assembleia Nacional, depois um comitê de senadores de nove membros, então outra sessão conjunta para confirmar sua demissão com uma maioria de dois terços.
Entretanto, especialistas constitucionais disseram que o partido tem o número necessário e poderia tirá-lo em menos de 24 horas.
"Eles podem acelerá-lo. Isso pode ser feito em questão de um dia", disse John Makamure, diretor executivo do Southern African Partition Support Trust, uma ONG que trabalha com o parlamento em Harare, capital do país.