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Enrique Peña Nieto, novo rosto do PRI, lidera as pesquisas | Edgard Garrido/Reuters
Enrique Peña Nieto, novo rosto do PRI, lidera as pesquisas| Foto: Edgard Garrido/Reuters

Crescimento

Apesar das incertezas, economia mexicana mostra recuperação

EFE

A economia mexicana, que sofreu em 2009 a pior queda desde 1934, abalada pela crise econômica internacional iniciada no ano anterior, conseguiu se recuperar e chega às eleições deste domingo com um crescimento acumulado de 12,5% nos últimos seis anos, apesar das incertezas internacionais.

"Será possível debater sobre se o crescimento foi ou não suficiente, mas o inegável é que ele segue crescendo", diz o presidente do Grupo Consultores Internacionais (GCI), Julio A. Millán.

Durante os seis anos de mandato de Calderón, o crescimento médio anual da economia foi de 1,9%. Em 2009, a economia mexicana foi uma das que mais caíram no mundo – a pior das quedas entre os PIBs da América Latina –, mas registrou uma rápida recuperação em 2010, com uma alta de 5,5%.

O México conta com 112,3 milhões de habitantes, segundo o último censo demográfico, dos quais 52 milhões vivem na pobreza.

Nos últimos anos, o país privilegiou a estabilidade sobre o crescimento, o que afetou o emprego produtivo e se refletiu em um aumento dos trabalhadores no setor informal, número que cresceu de 11,4 milhões em 2006 para 13,7 milhões em 2012.

No entanto, apesar da queda de 6,1% do PIB em 2009 devido à recessão, o número de empregos registrados oficialmente nas estatísticas oficiais passou de 13,5 milhões em 2006 para 15,7 milhões em 2012.

Sobre as debilidades da economia, os analistas consideram que o crescimento se sustentou no mercado externo, com grande dependência comercial e de investimentos rumo aos Estados Unidos (85% e 53%, respectivamente).

"Continua sendo um assunto pendente fortalecer o mercado interno", observa Millán.

  • López Obrador, o símbolo da esquerda, está em segundo lugar

Cansados da violência do narcotráfico e da pobreza, os mexicanos decidirão neste domingo se levam de volta à Presidência o PRI, partido que governou o país por 71 anos com administrações taxadas de corruptas e clientelistas.

Com um novo rosto, de Enrique Peña Nieto, de 45 anos, o tradicional Partido Revolucionário Institucional (PRI) vencerá a eleição presidencial, após 12 anos na oposição, caso as pesquisas de intenção de voto se confirmem. As sondagens atribuem ao seu candidato uma grande vantagem – de até 17 pontos – sobre o esquerdista Andrés Manuel López Obrador.

No total, 79,5 milhões de mexicanos estão convocados às urnas, a partir das 8h locais (10h de Brasília) até as 18h locais (20h de Brasília), para eleger num processo eleitoral sem segundo turno o presidente dos próximos seis anos, renovar as duas câmaras do Congresso, seis governadores, o chefe de governo da Cidade do México e 900 prefeituras.

Guerra impopular

O PRI voltou a ganhar popularidade diante da frustração dos mexicanos com dois governos consecutivos do Partido Ação Nacional (PAN), que o destronou em 2000 – com Vicente Fox – dando lugar a uma histórica transição democrática no México. Também pesa o repúdio generalizado às mortes, tiroteios e decapitações que se tornaram cotidianos desde que o presidente Felipe Calderón, que chegou ao poder em 2006, colocou os militares nas ruas para combater os cartéis da droga, deixando um saldo de mais de 50 mil mortos.

Cauteloso, o governo de Barack Obama diz estar pronto para trabalhar com quem vencer, mas legisladores americanos expressam temores de que Peña Nieto diminua a pressão na guerra frontal contra as drogas.

Peña Nieto afirma que terá um "compromisso indeclinável com o combate ao crime organizado", mas não chegou a detalhar sua estratégia.

Novo rosto, velho PRI

Seus rivais e opositores afirmam que, por trás da nova figura do PRI, estão os tradicionais caudilhos, entre eles vários ex-governadores acusados de ligações com o narcotráfico e corrupção.

"O PRI não modificou sua forma de fazer política. Mas tem estrutura territorial, uma cara nova e a insatisfação com a violência. Oferece às pessoas experiência e certeza de proteção", afirma Javier Oliva, pesquisador da Universidade Autônoma do México.

De sorriso gélido, topete engomado e rosto de galã de telenovela e casado com a popular atriz Angélica Rivera, o candidato do PRI foi acusado de gastar milhões para se promover como presidenciável na Televisa, a maior rede de televisão de língua hispânica.

Seu principal adversário, López Obrador, tentou nesta segunda campanha pela Presidência limpar sua imagem manchada quando bloqueou em 2006 por mais de um mês com seus seguidores o Paseo de la Reforma, artéria vital da capital, após denunciar uma fraude nas eleições que perdeu para Calderón por 0,56%.

Considerado radical por seus críticos, moderou seu discurso e prometeu construir uma "república amorosa", embora em trechos da campanha tenha levantado a possibilidade de uma fraude e tenha denunciado a "compra de votos e consciências" por parte do PRI.

Por sua vez, Josefina Vás­­­­quez Mota, economista de 51 anos e primeira candidata a ser lançada à Presidência por um grande partido, o PAN, enfrenta crises internas no partido e problemas de organização, que enfraqueceram sua candidatura.

Pacto

Candidatos prometem respeitar o resultado eleitoralReuters

Os candidatos presidenciais mexicanos firmaram na última quinta-feira um pacto pelo qual se comprometem a aceitar os resultados da eleição deste domingo, em meio a temores de que o esquerdista Andrés Manuel López Obrador poderia não admitir sua provável derrota e comandar protestos, como fez em 2006.

López Obrador, que recentemente acusou seus rivais de tramarem uma fraude eleitoral, participou do evento e assinou o documento, assim como o restante dos candidatos.

O veterano ex-prefeito da Cidade do México aparece em segundo lugar nas pesquisas eleitorais, mais de dez pontos atrás de Enrique Peña Nieto, do Partido Revolucionário Institucional (PRI, centrista e de oposição).

Mas López Obrador diz ter pesquisas próprias que apontam sua liderança, e suas denúncias evocam a situação de seis anos atrás, quando ele declarou-se vencedor no pleito, ignorando os resultados oficiais que deram a vitória a Felipe Calderón, do conservador Partido Ação Nacional (PAN).

Na época, ele comandou protestos com grande adesão, bloqueando durante várias semanas vias importantes da capital mexicana.

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