Um líder de uma aliança de partidos religiosos paquistaneses condenou na sexta-feira a operação militar contra uma mesquita radical, o que ele descreveu como o capítulo mais negro da história do país, e convocou manifestações.
Pelo menos 75 simpatizantes de clérigos radicais foram mortos na invasão de terça-feira à Lal Masjid (Mesquita Vermelha), no centro de Islamabad, o que encerrou uma semana de cerco aos militantes. Dez soldados também morreram.
"O incidente na Lal Masjid é o capítulo mais negro na história do Paquistão", disse Ghafoor Haideri, vice-líder de uma aliança de partidos religiosos, a cerca de 200 pessoas reunidas numa mesquita da capital. "Nenhum ditador jamais fez isso com esta nação."
São esperados protestos em diversas partes do Paquistão durante as preces desta sexta-feira.
Falando à nação na quinta-feira, o presidente Pervez Musharraf citou sua disposição de "eliminar o terrorismo e o extremismo de cada canto e cada esquina".
O clérigo Abdul Rashid Ghazi, que liderava uma campanha para impor um regime islâmico na capital, também foi morto na terça-feira, junto com vários militantes que haviam acumulado um arsenal de armas e explosivos no complexo, onde também funcionavam escolas.
Haideri convocou os jovens a protestar, mas pediu que não portem armas, já que "os Estados Unidos e Musharraf querem isso para maldizer os muçulmanos e o islã".
Na mesma mesquita onde Haideri discursou, havia cartazes chamando Musharraf de "assassino" e de "responsável pela morte de crianças inocentes na Lal Masjid".
O Exército disse que 75 pessoas morreram na invasão, sendo que 19 corpos ficaram carbonizados e estão irreconhecíveis - podendo ser inclusive de mulheres ou crianças.
Haideri disse que houve mais mortos e que o governo está acobertando os dados reais. Afirmou ainda que a invasão gerou simpatia pelos clérigos da Lal Masjid, mesmo por parte de quem antes se opunha aos radicais. "Este incidente transformou oposição em solidariedade e apoio", afirmou.
Os radicais da Mesquita Vermelha haviam transformado o local praticamente numa fortaleza durante uma série de confrontos com as autoridades nos últimos seis meses.
As forças especiais levaram mais de 24 horas para eliminar o último bolsão de resistência.
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