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Partidos de esquerda na França realizaram fortes protestos neste sábado (7) após a nomeação de Michel Barnier como novo primeiro-ministro pelo presidente Emmanuel Macron.
A decisão, que ocorreu na quinta-feira (5), tem sido amplamente criticada pelos esquerdistas. Segundo eles, a escolha de Barnier para o cargo ignora o resultado das eleições legislativas de julho, nas quais uma coalizão de esquerda, liderada pelo partido França Insubmissa, obteve uma leve maioria das cadeiras da Assembleia Nacional.
Michel Barnier, ex-ministro e ex-comissário europeu, é visto como uma figura de centro-direita que possui uma longa carreira na política francesa. O líder do França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, foi um dos principais articuladores dos protestos. Ele criticou a escolha de Barnier por Macron e disse que “a democracia não é apenas a arte de saber aceitar a vitória, mas a humildade de aceitar a derrota”, em referência ao fato do presidente ter “ignorado” o resultado eleitoral e não ter escolhido um representante do bloco esquerdista como premiê.
Segundo informações da agência Reuters, os protestos, que ocorreram em mais de 130 cidades francesas, reuniram milhares de pessoas. De acordo com os organizadores, citados pela Reuters, cerca de 300 mil manifestantes saíram às ruas em todo o país, com 160 mil apenas em Paris. A agência cita que a polícia local estimou um número menor, de aproximadamente 26 mil.
Barnier, que chega ao cargo de premiê sob intensa pressão, terá a difícil tarefa de formar um gabinete nos próximos dias que consiga sobreviver em um Parlamento francês profundamente dividido. A diferença entre o bloco de esquerda e o Reagrupamento Nacional (RN), de direita, é de apenas 39 deputados.
Em outubro, ele precisará apresentar seus objetivos políticos ao Parlamento e corre o risco de enfrentar um voto de desconfiança. Se não conseguir o apoio de 289 dos 577 deputados, Barnier poderá ser removido do cargo. A esquerda, que inclui o França Insubmissa, já se posiciona contra o novo primeiro-ministro, enquanto os líderes da direita, como Marine Le Pen e Jordan Bardella, afirmam que observarão as propostas de Barnier antes de decidirem se o apoiarão.