Capas de jornais gregos mostram resultado das eleições na Alemanha| Foto: LOUISA GOULIAMAKI/AFP

As eleições alemãs de 2017 se encaixam em pelo menos três tendências maiores. Havia Angela Merkel, que convenceu os alemães a lhe conceder um quarto mandato, reafirmando a posição dela como a escolha preferida no centro. A Alternativa para a Alemanha (AfD) juntou-se a uma série de outros partidos de extrema direita em toda a Europa para ter assentos no parlamento, tornando-se a escolha mais provável daqueles que são favoráveis às linhas laterais à direita.

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E então o Partido Social Democrata (SPD) sofreu uma derrota humilhante, em mais um dos desafios que alguns grupos de esquerda tradicionais em todo o continente estão enfrentando. 

Os social-democratas da Dinamarca foram derrubados por uma coalizão de centro-direita liderada pelo principal partido Venstre em 2015. Já na Áustria, os social-democratas enfrentam igualmente perdas recordes nas eleições. O Partido Socialista da França continua em uma crise profunda após sua derrota no início deste ano. 

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Segundo especialistas, o declínio dos social-democratas na Europa está intimamente associado ao crescimento da extrema direita

Na Alemanha, os temas que geralmente são pautados pelos social-democratas - como a justiça social e os salários justos - tornaram-se menos preocupantes nos últimos quatro anos. Em contrapartida, a imigração e a segurança são agora um dos tópicos mais importantes. 

"As principais competências dos social-democratas atualmente não estão em alta", afirmou Timo Lochocki, pesquisador político do German Marshall Fund, um grupo de pesquisa americano. 

“À medida que o debate sobre a imigração ganhou impulso, o último ano foi marcado por um verdadeiro colapso dos social-democratas em toda a Europa”, afirmou Tarik Abou-Chadi, pesquisador da Universidade Humboldt em Berlim. "Muitos partidos social-democratas europeus estão bastante divididos sobre a questão da imigração, e é por isso que eles se abstêm de discutir isso", disse Lochocki. 

Além disso, à medida que a maioria dos sociais-democratas permaneceram em silêncio, muitos decidiram votar em partidos populistas de direita ou em partidos de esquerda mais abertos. 

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Outras tendências, um crescente número de graduados no ensino superior e uma mudança nas indústrias tradicionais, corroeram ainda mais a base de apoio dos social-democratas. No entanto, apesar desse processo ter sido difundido por décadas, os social-democratas ainda eram capazes de ganhar eleições no passado. Antes da era Merkel, o social-democrata Gerhard Schröder alcançou vitórias com margens recordes sobre os conservadores, pouco mais de uma década atrás. 

Na Grã-Bretanha, o Partido Trabalhista ainda parece ser capaz de fazer ganhos significativos, mesmo hoje, como mostraram as eleições gerais em junho. No entanto, o crescimento inesperado nas pesquisas não é necessariamente um sinal de que os social-democratas estão ressurgindo. 

“O contexto criado pela decisão da Grã-Bretanha de deixar a União Europeia, a torna um caso especial, difícil de ser comparado. Além disso, o sistema eleitoral do Reino Unido claramente favorece os maiores partidos – o que o torna diferente de tantas outras nações europeias”, disse o pesquisador Abou-Chadi. 

“Isso também provavelmente está relacionado ao fato de que Theresa May é tão impopular entre muitos na Grã-Bretanha. É claro, a Alemanha de Merkel está em uma posição muito diferente”, ele disse. Sessenta e oito por cento dos estados alemães declararam em uma pesquisa recente da Gallup, realizada antes das eleições de domingo, que estavam satisfeitos com a liderança de Merkel. No entanto, apenas pouco mais de 30% da população acabou votando na coligação dela, o União Democrática Cristã e a União Social Cristã, da Baviera 

Ao invés de votar na principal alternativa, o SPD, alguns deles escolheram votar para a extrema-direita. 

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Manifestação

Em um protesto esquerdista contra a extrema-direita no domingo à noite (24), centenas de pessoas cercaram o prédio do Alternativa para a Alemanha perto da Alexanderplatz, no centro de Berlim. "Todas as pessoas de Berlim odeiam o AfD", gritavam alguns manifestantes, enquanto outros levantavam cartazes com slogans como "Not my party" (Não é o meu partido). 

As ações dos manifestantes refletiram o dilema que os social-democratas estão enfrentando agora. "Eu só espero que a resposta dos principais políticos ao protesto de hoje não seja uma mudança para a direita. Simplesmente adotar os mesmos cargos políticos não resolverá o problema" disse o designer Henrik Dagedorn, de 29 anos. Em outros lugares da Europa, alguns partidos social-democratas experimentaram se posicionar mais fortemente anti-imigração, mas enfrentaram uma reação de seus defensores jovens. 

Porém, havia incerteza entre os manifestantes sobre como parar o crescimento da extrema-direita

"Temo que eles permaneçam no parlamento mais do que esperamos, porque não haverá solução iminente para os problemas que os elegeram", disse a enfermeira Martina Schnepka, de 51 anos. 

Para os social-democratas da Alemanha, também parece não haver uma solução iminente.

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