Funcionária eleitoral inspeciona urna com cédulas de papel em Kandahar, no Afeganistão| Foto: Omar Sobhani / Reuters

O presidente do AfeganistãoHamid Karzai e seu principal desafiante nas eleições, Abdullah Abdullah, se posicionaram nesta sexta-feira (21) como líderes nas eleições presidenciais afegãs, um dia após milhões de afegãos terem comparecido às urnas apesar das ameaças do grupo fundamentalista Taleban. Os resultados finais só serão anunciados no começo de setembro.

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Resultados parciais e preliminares não serão divulgados antes da terça-feira da próxima semana, enquanto o Afeganistão e dezenas de países com tropas e agências humanitárias no país da Ásia Central aguardam para ver quem irá liderar a problemática nação pelos próximos cinco anos. O próximo presidente afegão terá uma agenda cheia de crises: a crescente insurgência do Taleban, a corrupção galopante, a miséria da maioria da população e uma enorme indústria ilegal do narcotráfico de ópio e da heroína.

Declarações de liderança feitas por Karzai e por Abdullah são uma tentativa de vencer o jogo das expectativas, mas funcionários da Comissão Eleitoral Independente disseram nesta sexta-feira que é muito cedo para que qualquer grupo proclame vitória. A contagem voto a voto nas províncias foi concluída mas agora as urnas foram enviadas a Cabul, disseram funcionários eleitorais.

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A Campanha de Abdullah disse que investiga denúncias de fraudes nas províncias do sul afegão, onde acredita-se que Karzai terá votação alta.

"Segundo dados da minha campanha, eu estou na liderança", disse Abdullah.

Ele acusou que funcionários eleitorais impediram que monitores inspecionassem as urnas com votos de papel. Abdullah, no entanto, se disse preparado para disputar o segundo turno, se nem ele ou Karzai obtiverem mais que 50% dos votos. Embora funcionários dissessem que os resultados oficiais seriam anunciados sábado, Daoud Ali Najafi, chefe do escritório eleitoral, disse nesta sexta-feira que os resultados só serão tornados públicos na terça-feira.

Em Cabul, a equipe de Karzai afirmou que o presidente conquistou mais de 50% dos votos, um resultado que eliminaria a necessidade de um segundo turno.

"Nós acreditamos que conquistamos mais de 50%" dos votos disse Seddiq Seddiqi, porta-voz da campanha de Karzai.

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Um repórter do jornal Times de Londres disse na sexta-feira que funcionários eleitorais em uma sessão perto de Cabul contaram 5 530 votos na primeira hora da eleição na quinta-feira, mesmo que nenhum eleitor estivesse no local quando o repórter do Times chegou à sessão às 8h da manhã.

Trabalhadores eleitorais disseram que a área era pró-Karzai e era controlada por um parlamentar que disse que ele votou por Karzai, mesmo que seu dedo não estivesse marcado por uma tinta preta, uma medida contra prevenção a fraudes, informou o Times.

Observadores internacionais previam que a segunda eleição presidencial afegã direta seria imperfeita mas expressaram esperança de que os afegãos aceitariam o resultado legítimo.

Najafi disse que os resultados eleitorais parciais começaram a chegar a Cabul nesta sexta-feira. Uma porta-voz da Embaixada dos Estados Unidos, Fleur Cowan, disse apenas que a Comissão Eleitoral Independente pode anunciar resultados oficiais. "Tudo o mais é especulação neste momento", ela disse.

Um funcionário eleitoral graduado, Zekria Barakzai, disse à Associated Press estimar que entre 40% e 50% dos 15 milhões de eleitores registrados do país compareceram às urnas - resultado bem inferior aos 70% que votaram em 2004.

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O baixo comparecimento entre os eleitores da etnia Pashtum, que forma entre 36% e 46% da população total afegã, poderá prejudicar Karzai e dar impulso a Abdullah, cujo apoio é forte entre os tajiques, que formam entre 27% e 39% da população afegã. O comparecimento dos tajiques às sessões eleitorais pareceu forte no norte do país na quinta-feira, um bom sinal para Abdullah de que poderá haver segundo turno. As pesquisas divulgadas antes das eleições indicavam que Karzai tinha 44% das intenções de voto e Abdullah tinha 28%.

As informações são da Associated Press.

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