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Os primeiros partidos a serem recebidos nesta quarta-feira (8) pelo presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, pediram rapidez na resolução da crise política que se abriu no país com a renúncia do primeiro-ministro, o socialista António Costa, o que poderia levar a eleições antecipadas.
Um dia depois de Costa renunciar, após a notícia de que está sendo investigado por suposta corrupção e prevaricação, Rebelo de Sousa começou a receber os partidos políticos representados no Parlamento antes de decidir se dissolveria a Assembleia e anteciparia as eleições.
O chefe de Estado planeja se pronunciar depois desta quinta-feira (9), após dialogar com os partidos políticos e com o Conselho de Estado.
"O critério mais importante é resolver a crise política rapidamente", disse a porta-voz do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, após a reunião, que reiterou que a "única solução" é a convocação de eleições.
Mortágua, que lidera um partido que foi parceiro de Costa no passado e agora tem cinco deputados, disse que qualquer outra alternativa "é arrastar uma situação que é insustentável", dada a "perda de legitimidade" do governo socialista, que governou com maioria absoluta.
Se houver eleições e os resultados o permitirem, Mortágua não quis adiantar se o Bloco está disposto a chegar a um acordo com os socialistas para viabilizar um governo, como aconteceu em 2015.
Rui Tavares, o único deputado do partido de esquerda Livre, também pediu celeridade, mas não quis antecipar a decisão de Rebelo de Sousa.
"Se o caminho escolhido pelo presidente for a dissolução do Parlamento e eleições antecipadas, essas eleições devem ser marcadas o mais rápido possível", afirmou, ao dizer que seu partido está "preparado" para uma eventual eleição.
No caso do presidente escolher outro caminho, Tavares insistiu que é "muito importante" que o mandatário explique o motivo.
A saída de Costa ocorreu em meio ao Orçamento do Estado para 2024, e alguns partidos também expressaram sua preocupação com a possibilidade de o país começar o ano sem ter as contas aprovadas.
Esse cenário já ocorreu em 2022, quando foram realizadas eleições antecipadas justamente porque Costa não conseguiu aprovar o orçamento.
As contas de 2024 já começaram a tramitar na Câmara e foram aprovadas em primeira votação.
"Todo este trabalho não pode cair no esquecimento, porque as pessoas precisam de respostas agora, não daqui a uns meses", disse a única deputada do PAN, Inês Sousa Real.
Rebelo de Sousa ainda não comentou a situação política após a renúncia de Costa, mas a solução mais provável no país é a convocação de eleições antecipadas.
Na última posse de Costa, em março de 2022, quando se falou na possibilidade de ele sair no meio do mandato para concorrer a um cargo europeu, o presidente avisou que, se não terminasse o mandato, convocaria um novo pleito.