Confrontos na capital jamaicana, Kingston, deixaram mais de 60 pessoas mortas, a maioria delas civis, disseram fontes de hospitais nesta quarta-feira. Já um defensor público do país confirmou nesta quarta-feira que pelo menos 44 pessoas morreram. A polícia confirma 27 mortes.
As forças de segurança do país tentam capturar um importante líder do narcotráfico, Christopher "Dudus" Coke. O bispo Herro Blair, o mais proeminente pastor evangélico do país, disse que avaliações independentes já confirmam 44 mortes. A polícia disse que pelo menos quatro soldados e oficiais de polícias também morreram.
Funcionários do governo disseram a jornalistas que todos os civis mortos no oeste de Kingston eram homens. Mas pessoas dentro das favelas revelaram a emissoras locais de rádio que houve disparos indiscriminados durante a ação que as polícia e soldados realizaram na segunda-feira.
O primeiro-ministro Bruce Golding advertiu que o número de vítimas deve aumentar. Ele prometeu uma investigação independente sobre a morte de civis durante a operação.
No fim da terça-feira, os policiais reconheceram em comunicado que houve também "vários homicídios" na área da Grande Kingston
Centenas de soldados e policiais buscam Coke, procurado nos Estados Unidos por tráfico de drogas. Vários criminosos ligados a Coke têm rechaçado as incursões das autoridades.
Os confrontos pareciam estar se espalhando por outras áreas. Em algumas regiões pobres da capital, o cenário é de uma zona de guerra, segundo testemunhas. O governo declarou estado de emergência para lidar com a situação, na pior crise de violência na nação caribenha em décadas.
Blair e o defensor público da Jamaica foram escoltados por forças de segurança até Tivoli Gardens, onde partidários de Coke começaram a se reunir na semana passada depois de Golding ter derrubado sua recusa, que já durava de nove meses, de extraditar pessoas para os Estados Unidos.
Coke tem ligações com o Partido Trabalhista de Golding, que tem um grande número de votos conquistados na área de Tivoli Gardens, região representada por Golding no Parlamento.
Golding interrompeu as negociações sobre extradição com os Estados Unidos por nove meses, prejudicando as relações entre os dois países. Um relatório do Departamento de Estado norte-americano do início deste ano questiona a confiabilidade da ilha caribenha como aliada na guerra contra as drogas e a postura de Golding atraiu oposição dentro do país, o que ameaça sua carreira política.
Fontes de hospitais confirmaram que dois caminhões levaram "cerca de 50" corpos para o necrotério do Hospital Público de Kingston. Outro caminhão chegou mais tarde com mais corpos, incluindo o de um bebê. Uma enfermeira relatou que havia 12 corpos nesse segundo veículo.
A polícia já confirmou a prisão de 211 pessoas, incluindo quatro mulheres. Coke, porém, ainda não foi preso. O suspeito, de 42 anos, é bem-visto por parte da população local, por ajudar os pobres a pagarem suas contas e até que as crianças frequentem as escolas. O próprio Coke se define como um empresário.
A Jamaica é bastante dependente do turismo. O país de 2,8 milhões de habitantes recebe anualmente um milhão de turistas. A maioria deles evita a capital, concentrando-se nas praias para tomar sol ao som do reggae. Os EUA já advertiram seus cidadãos sobre os riscos de se viajar para lá agora, e algumas companhias aéreas cancelaram voos para o país.
A violência não atingiu os locais turísticos ao longo da costa norte do país, a mais de 160 quilômetros de Kingston ou o aeroporto próximo de Montego Bay. Porém, autoridades jamaicanas dizem que estão muito preocupadas como o impacto da violência sobre ou turismo.
A nação é uma rota do narcotráfico que sai da América do Sul com destino à América do Norte e aos mercados europeus. Coke é descrito pelo Departamento de Justiça dos EUA como um dos narcotraficantes "mais perigosos do mundo". Ele é acusado de comandar a venda de maconha e crack na região de Nova York, entre vários outros crimes.
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