Agente de segurança revista seio de passageira no aeroporto de Denver| Foto: Rick Wilking/Reuters

Constrangimento

"Dá para ver tudinho", diz brasileira

Brasileiros que passaram pelos EUA relatam experiências embaraçosas. A advogada Ravina Gusmão, 37 anos, não sabe por que passou pelo scanner e pela revista manual no aeroporto de Orlando. "Pedem para levantar a mão como se fosse ´mãos ao alto´. Foi desagradável", disse ela, apalpada em torno do busto.

A maioria dos viajantes continua passando apenas pelo raio X. Porém, passageiros desinformados ou com dificuldade de falar inglês acabam não respondendo aos comandos da segurança e são selecionados.

A aposentada Ivone Sartor, 55 anos, chegou aos EUA pelo aeroporto de Houston, no Texas, e foi conduzida para o scanner.

"Aí apalpou tudo, no bolso, lá embaixo, na sola do pé, na cabeça", conta.

As filas de alguns aeroportos estão posicionadas de tal forma que passageiros podem ver corpos nus em uma tela. "Eu estava andando e vi um senhor lá, na caixinha. Apareceu tudinho", disse a enfermeira Vanessa Carvalho, 27, que também passou pelo aeroporto de Houston.

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Washington - Na véspera do feriado de Ação de Graças, um dos mais movimentados dos EUA, cresceu ontem a controvérsia sobre a revista reforçada a que passageiros estão sendo submetidos no país. Vídeos de crianças sendo revistadas sem camisa, e agressões de passageiros incomodados contra agentes federais fo­­ram parar em tevês e na internet.

O scanner mostra formas do corpo nu em detalhes; quem o re­­cusa ou tem algo detectado passa pela revista íntima, em que agentes federais (do mesmo sexo do viajante) apalpam o passageiro da cabeça aos pés – incluindo seios, nádegas e genitália.

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Críticos furiosos proclamaram o dia de ontem data nacional contra as medidas.

A agência de segurança de transportes (TSA) implorou aos viajantes que evitassem boicotes, pelo temor de atrasos nos aeroportos. Em Washington, o Ae­­ro­­porto Ronald Reagan tinha filas de segurança de menos de dez mi­­nutos.

Manifestantes distribuíram panfletos e fizeram protestos perto do check-in em Chicago, Atlan­­ta, Dallas e outros, mas sem atrapalhar o trânsito dos passageiros.

Brian Sodergren, um dos líderes do boicote, disse que não ficou chateado pela ausência de incidentes graves. "Minha intenção era educar os americanos. Quero que as pessoas entendam que comprar uma passagem aérea agora significa que você está dando ao governo o direito de olhar sob suas roupas sem nenhum mo­­tivo de suspeita’’. Há atualmente mais de 380 scanners em cerca de 70 aeroportos pelos EUA, e o nú­­mero deve crescer.

Riscos por grupos

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Grupos específicos de viajantes continuam a pedir tratamento es­­pecial de segurança. Entre esses estão pilotos e aeromoças – que não querem passar várias vezes por dia pelos custosos procedimentos – e muçulmanos.

O Conselho de Relações Islã-EUA (Cair) afirma que o scanner viola direitos religiosos dos islâmicos e pediu que mulheres de véu tenham apenas cabeça e pescoço examinados.

Dois terços apoiam scanners

Apesar dos protestos da minoria, cerca de dois terços dos norte-americanos apoiam o uso de scanners que revelam imagens de corpo inteiro nos aeroportos dos EUA, segundo pesquisa publicada pela rede de tevê ABC e o jornal Washington Post. Em relação às revistas feitas por agentes de segurança tocando seios e a área genital, no entanto, a opinião pública está dividida: 50% dizem que elas vão longe demais, enquanto 48% acreditam que esse nível de invasão é necessário para garantir a prevenção de atentados terroristas.

O apoio de 64% dos norte-americanos ao scanner apresenta uma queda em relação à pesquisa anterior, da CNN, que apontava 81% dos passageiros em defesa do uso do scanner antes de a campanha negativa ganhar a internet.

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