A suspeita de que o ex-presidente Néstor Kirchner tenha adquirido US$ 2 milhões, em outubro de 2008, usufruindo de informação privilegiada do governo de sua mulher, Cristina Kirchner, ameaça ativar novo foco de crise na Argentina.
A operação de compra foi revelada ontem pelo jornal Perfil, que afirma ter tido acesso a uma lista de compradores de dólares formulada pelo Banco Central.
A aquisição é legal, e o montante obedece ao limite autorizado para pessoas físicas. Contudo, a data em que foi feita levantou suspeitas. Pouco depois, ocorreu uma desvalorização do peso em relação ao dólar, favorecida pela combinação da crise mundial com os efeitos no mercado da estatização dos fundos da Previdência promovida pelo governo.
Ontem, um legislador da oposição disse que denunciará Kirchner à Justiça. O chefe de gabinete de Cristina, Aníbal Fernández, afirmou que "não foi uma compra clandestina; foi uma compra legal.
Em dezembro, o casal Kirchner foi inocentado de uma acusação de suposto enriquecimento ilícito, baseada em sua declaração de renda de 2008, que assinala um aumento de patrimônio de 158%. Foi a terceira acusação nesse sentido enfrentada pelos Kirchner.