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Conservação

Patrimônio mundial em perigo

NOVIDADE | Mauro Campos
NOVIDADE (Foto: Mauro Campos)

Curitiba – Mais de 40 quilômetros da Muralha da China simplesmente desapareceram nos últimos 20 anos na região noroeste do país. As autoridades dizem que esse trecho era feito apenas com lama e não com tijolos e pedras. O problema é que este Patrimônio Mundial da Humanidade está sendo vítima de fortes tempestades de areia, que afetam a região devido às técnicas de agricultura intensiva adotadas nos anos 1950. Os lençóis freáticos da província de Minqin se esgotaram, o que degradou o meio ambiente e fez aumentar a freqüência das fortes tempestades de areia.

Considerada uma das sete maravilhas do mundo, a Muralha da China foi construída há mais de 2 mil anos e atravessa o território chinês em 6.400 quilômetros. Todos os anos mais de 10 milhões de pessoas visitam o monumento. Apesar de as autoridades chinesas terem admitido o problema, especialistas dizem que será difícil conter os efeitos da erosão na região. Por enquanto, a Muralha não consta na lista do patrimônio mundial em risco.

A herança do Patrimônio da Humanidade é sempre alvo das atenções da Unesco (órgão da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura), que todos os anos lança alertas sobre monumentos e locais que estão em risco, seja sob a ação do homem ou mesmo em função das mudanças climáticas. Um comitê da Unesco analisa as condições de conservação dos 830 locais que integram a lista do Patrimônio Mundial.

No relatório divulgado este ano, a Unesco incluiu as Ilhas Galápagos (Equador), o Parque Nacional Niokolo-Kiba (Senegal) e Samarra (Iraque) na lista do Patrimônio Mundial em Perigo (para conferir a lista completa acesse o site www.unesco. org).

Com os relatórios anuais, a Unesco tenta atrair recursos para que essas regiões em risco sejam preservadas. As Ilhas Galápagos (arquipélago com 19 ilhas no Oceano Pacífico) sofrem com o turismo intenso, a imigração e com a ação de espécies invasoras, segundo o órgão da ONU. Em 15 anos, houve um aumento em 150% no número de dias que os turistas permanecem nos cruzeiros visitando o arquipélago, estima a Unesco.

Em 1978, o arquipélago foi o primeiro a constar na lista de Patrimônio Mundial da Unesco. Já o Parque Nacional Niokolo-Kiba foi incluído na lista em 1981 por sua rica fauna. Hoje, essa floresta de savana no Senegal está ameaçada por caçadores e planos de construção de uma represa no Rio Gâmbia.

Para a presidente do comitê do Icomos no Brasil (Conselho Internacional de Monumentos e Sítios Arqueológicos), Rosina Parchen, em áreas críticas, como as Ilhas Galápagos, são necessários planos de desenvolvimento urbano e de gestão de turismo para que haja equilíbrio na utilização da região. "As avaliações da Unesco são primordiais porque as atenções se voltam para ações de conservação", diz. Em alguns casos a beleza natural ou a riqueza cultural sustentam o turismo de determinadas regiões, mas sob o risco de se tornarem vítimas desse setor da economia, comenta Rosina.

É preciso ter consciência de que os grandes monumentos serão destruídos pela ação do próprio homem ou por causas naturais, analisa o geólogo Renato Eugenio de Lima, diretor do Centro de Apoio Científico em Desastres da UFPR."O estilo de desenvolvimento econômico ou as catástrofes naturais são fatores de risco. Monumentos na Grécia e Egito, por exemplo, são afetados pela poluição, dissolvendo materiais que não são recuperáveis."

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