O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, 58, defendeu nesta quinta-feira (17) o diálogo com o ditador sírio, Bashar al Assad, e afirmou que o Brasil monitora de perto a crise no país.
"Em situações como essa, temos que analisar alternativas. Nos últimos meses, a posição da comunidade internacional evoluiu bastante", afirmou ele, durante sabatina promovida pela Folha de S.Paulo em parceria com o UOL, na cidade de São Paulo.
"Há um enviado da Liga Árabe e o Conselho de Segurança da ONU aprovou o programa de seis pontos de Kofi Annan, que vem sendo implementado agora, e visa garantir acesso humanitário, libertação de presos, entre outros pontos. Trabalhamos em cima desse acordo", disse ainda.
No entanto, Patriota admitiu que a situação ainda não é satisfatória. "Há extremismo, violência, mas consideramos que o diálogo é fundamental. Muitos líderes que pediram a saída imediata de Assad, hoje, de maneira mais realista, acham que um governo democrático exigem uma transição", acrescentou.
Catastrófico
Questionado se o Brasil acredita que a solução para a Síria incluiria Assad, o ministro apontou os riscos de excluir o ditador sírio das negociações. "Algum tipo de diálogo é fundamental, pois Assad tem armas de destruição em massa. Um conflito seria catastrófico", afirmou. Patriota disse ainda que o Brasil é contra o envio de armas à oposição síria, pois "militarizaria [ainda] mais o conflito".
"Como Annan disse, a ultima coisa que se espera é militarizar o conflito. O que queremos é interromper o ciclo de violência, dar espaço ao diálogo. A melhor aposta é a do plano de Annan. Esperamos que, com os cerca de 300 observadores militares, a situação possa se estabilizar."
Para o ministro, "compete ao Conselho de Segurança da ONU, que autorizou o envio de 300 observadores, [verificar] se o plano funciona ou se alguma outra medida deve ser tomada".
"Acho que o plano é uma aposta na qual ainda vale a pena acreditar, por enquanto. Não somos membros permanentes mas continuaremos monitorando de perto", disse ele.
Chávez
Patriota, 58, também desejou uma rápida recuperação ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
Chávez voltou ao seu país na semana passada, após passar 11 dias em Havana para finalizar o tratamento de radioterapia, que precisou realizar após a operação para a retirada de um tumor na região pélvica a que foi submetido em fevereiro.
Há quase um ano, o líder também foi operado de um câncer no mesmo local. "O Brasil acompanha de muito perto. Não poderia deixar de ser, é um país vizinho. De modo geral, posso dizer que a doença de um chefe de Estado é sempre vista com preocupação", afirmou.
"A previsão é de que a institucionalidade seja cumprida, mas desejamos a Chávez uma recuperação a mais rápida possível. As informações de que disponho apontam que, apesar de o tratamento ser agressivo, Chávez vem se recuperando bem", acrescentou.