O presidente da Síria, Bashar al-Assad, disse em uma entrevista publicada na segunda-feira que um acordo de paz com Israel é possível, mas as relações só poderão se normalizar quando os israelenses encerrarem seu conflito com os palestinos.
"Haverá talvez uma embaixada e formalidades, mas se você quer paz então ela tem que ser abrangente. Nós damos a eles a escolha entre uma paz abrangente e um acordo de paz que não tem nenhum valor prático", disse al-Assad segundo publicou o jornal al-Khaleej, dos Emirados Árabes Unidos.
"Há uma diferença entre um acordo de paz e a paz em si. Um acordo de paz é um pedaço de papel que você assina. Isso não significa comércio e relações normais, ou fronteiras", disse ele.
"Nosso povo não aceitará isso, especialmente porque há meio milhão de palestinos no nosso país cuja situação permanece sem solução. É impossível sob esses termos ter paz no sentido natural."
A Síria e Israel mantiveram conversas indiretas no ano passado sob mediação turca. As conversas focaram as colinas de Golan, que Israel tomou em 1967 na guerra do Oriente Médio, e o relacionamento da Síria com o Irã, o Hamas e o grupo libanês Hezbollah.
A Síria exige que Israel se comprometa com a retirada de suas tropas de Golan.
As conversas indiretas, paralisadas pela renúncia do premiê de Israel, Ehud Olmert, em setembro, sofreram um grande abalo depois da recente incursão de Israel em Gaza.
O senador norte-americano John Kerry, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado dos EUA, disse após um encontro com Assad em Damasco no mês passado que a Síria está pronta para retomar as conversas mas quer a participação dos EUA.
Assad disse ser do interesse dos palestinos coordenar-se com Damasco para as conversas de paz com Israel para evitar que os israelenses protelem uma resolução com os palestinos.
"Nós acreditamos que se Israel assinar (um acordo de paz) com a Síria, Israel colocará de lado a questão palestina", disse ele.
O Egito foi o primeiro país árabe a assinar um tratado de paz com Israel, mas o acordo é frequentemente descrito como uma paz fria, uma vez que as relações entre os dois países não passam de contatos oficiais de governo.