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O deputado e ex-primeiro-ministro do Peru Guido Bellido declarou, nesta sexta-feira, que o ex-presidente Pedro Castillo “não se lembra” de ter lido a mensagem à nação na qual ordenou o fechamento do Congresso e a instauração de um governo de emergência, e insinuou que poderia ter sido drogado. Consultado por jornalistas, Bellido, que foi o primeiro chefe de gabinete de Castillo e o visitou na prisão onde se encontra detido desde quarta-feira, disse que o agora ex-presidente se pronunciou assim “com suas próprias palavras”.
“Essa é a resposta do presidente e deve ser respeitada. É estranho que um presidente, que não seria destituído por falta de votos, acabe dando os argumentos para sua destituição”, opinou o parlamentar independente, que renunciou recentemente à bancada do Peru Livre, partido de extrema-esquerda que levou Castillo à presidência em 2021. “O estado psicológico de Castillo ao ler a mensagem à nação é uma evidência de que ele não estava em suas faculdades, isso sugere que poderia ter sido induzido, um teste toxicológico é urgente e o Ministério Público deve acessar as câmeras de segurança do palácio”, escrevera Bellido anteriormente no Twitter.
O Congresso estava programado para receber Castillo em sessão plenária na quarta-feira para que fizesse sua defesa dentro da moção de destituição apresentada contra ele devido a denúncias de corrupção. No entanto, Castillo, atualmente detido na prisão de Barbadillo, a leste de Lima, adiantou-se a essa sessão plenária e dirigiu uma mensagem à nação anunciando a dissolução do Congresso. Bellido acrescentou que Castillo percebeu a seriedade de suas palavras quando seus ministros começaram a renunciar, um após o outro.
“Precisamos da liberdade do professor Pedro Castillo. Vamos exigir que o presidente, solto, diga sua verdade ao país”, acrescentou o parlamentar à imprensa. Vários dos ex-ministros de Estado compareceram ao Ministério Público na sexta-feira como testemunhas no processo aberto contra Castillo pelo suposto crime de rebelião, e pelo menos dois deles declararam aos jornalistas que desconheciam a decisão adotada pelo ex-governante.