Berlim (Folhapress) Depois de três semanas de negociação pós-eleitoral, ficou definido, ontem, que a democrata-cristã Angela Merkel, de 51 anos, será a primeira mulher a ocupar a chancelaria alemã. No entanto, mesmo antes do início, seu mandato está enfraquecido por ao menos três razões: a magra vitória dos conservadores na eleição após confortável vantagem nas pesquisas, a demora para constituir a coalizão governamental e, sobretudo, a presença de social-democratas no governo.
A aliança composta pela União Democrata Cristã (CDU) e pela União Social Cristã (CSU) chegou a ter uma vantagem de 16 pontos percentuais durante a campanha. Contudo ela se diluiu, e o resultado final do pleito conferiu aos conservadores um avanço de apenas quatro cadeiras sobre os social-democratas.
Por tudo isso, não foram poucas as vozes no seio de sua própria aliança que criticaram nos bastidores, é claro a "falta de carisma" de Merkel e suas "escolhas erradas", como a de Paul Kirchhof para o Ministério das Finanças. Antes de ser descartado, este foi alcunhado de "neoliberal radical" pelos social-democratas e pelos Verdes. Não se pode, todavia, menosprezar o talento eleitoral de Gerhard Schröder, que liderou com maestria a campanha de seu SPD. Na barganha pós-eleitoral, Merkel cedeu ministérios de peso para o grupo de Schröder, como o das Relações Exteriores. O chanceler, por sua vez, não escondeu a emoção ao anunciar, laconicamente, que deixará a vida política. A Alemanha agora se pergunta se o SPD será realmente um parceiro da aliança CDU/CSU na coalizão governamental.