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Washington – A deputada Nancy Pelosi foi eleita por unanimidade a nova presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos ontem, tornando-se a primeira mulher a assumir a posição, que, constitucionalmente, é a segunda na sucessão à Presidência dos Estados Unidos.

Pelosi, de 66 anos, assumirá oficialmente a função em 3 de janeiro de 2007, em substituição do atual porta-voz, o republicano Dennis Hastert. "Nós fizemos história, agora devemos fazer progresso para o povo americano", disse Pelosi após ser eleita para presidir a casa.

Segundo ela, após 12 anos em minoria no Congresso, os democratas – que obtiveram a liderança na Câmara e no Senado nas eleições legislativas do último dia 7 – "não serão guiados por dinheiro ou por outros interesses" no comando do Congresso.

O Partido Democrata venceu a disputa eleitoral após uma série de denúncias de corrupção e escândalos sexuais envolvendo legisladores republicanos. Um dos casos de maior repercussão, ocorrido em outubro, envolveu o deputado Tom DeLay, que foi forçado a renunciar o cargo. DeLay foi acusado de trocar e-mails com teor sexual com estagiários do Congresso. Além dos escândalos, a guerra ao Iraque, condenada pelos cidadãos, foi o fator que pesou contra os republicanos na eleição parlamentar deste ano. Os democratas elegeram-se prometendo uma retirada paulatina das tropas que estão no Golfo Pérsico.

Derrota

Apesar da nomeação de Pelosi ter ocorrido sem controvérsias, o mesmo não ocorreu na escolha do líder democrata na Câmara. O legislador Steny Hoyer, de Maryland, venceu a disputa, para desapontamento de Pelosi, que apoiava John Murtha, da Pensilvânia. Assim, no dia de sua nomeação, Pelosi já enfrentou o gosto amargo da primeira derrota.

Hoyer e Murtha defendem posições distintas em torno da estratégia dos EUA no Iraque. Este defende a idéia de uma retirada das tropas do país, enquanto Hoyer, o eleito, é favorável a uma retirada gradual dos soldados americanos.

Em votação secreta entre a nova maioria democrata, Hoyer venceu por 149 a 86. A disputa interna preocupou vários democratas e acabou ofuscando a eleição de Pelosi, a primeira mulher que irá comandar o Congresso, e a segunda na linha de sucessão presidencial, depois do vice-presidente.

Preferência

Pelosi fez campanha aberta por Murtha. Ela derrotou Hoyer na disputa pela liderança do partido em 2001, e desde então não se reaproximaram. Mas Hoyer conseguiu o apoio dos setores mais à esquerda do partido, desconfortáveis com algumas posições de Murtha, como sua oposição ao aborto e ao controle de armas.

No domingo, Pelosi apoiou publicamente Murtha, atitude que gerou intensas críticas no Congresso. Democratas moderados se queixam das táticas de "pressão" e de supostas ameaças que Pelosi fez para que Murtha fosse eleito líder da maioria democrata na Câmara dos Representantes.

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