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Presidente autodeclarado

Pela primeira vez, um general reconhece Guaidó como líder da Venezuela

Opositores de Maduro participam de protesto em Caracas. | Martin Bernetti/AFP
Opositores de Maduro participam de protesto em Caracas. (Foto: Martin Bernetti/AFP)

Francisco Yánez, general da divisão de Aviação venezuelana, postou um vídeo em redes sociais neste sábado (2) dizendo reconhecer o líder da oposição Juan Guaidó como chefe de Estado da Venezuela, e não mais o ditador Nicolás Maduro.

“Estou me dirigindo a vocês para informá-los de que desconheço a autoridade autoritária e ditatorial de Nicolás Maduro e reconheço o deputado Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela”, declarou Yánez, que aparece uniformizado no vídeo.

Yánez, diretor de Planejamento Estratégico do alto comando da Aviação Bolivariana, na base aérea de La Carlota, no leste de Caracas, afirmou que “90% da Força Armada Nacional Bolivariana não está com o ditador”. Trata-se do primeiro general da ativa a reconhecer Guaidó, presidente eleito da Assembleia Nacional, desde que ele se declarou presidente encarregado do país, no último dia 23 de janeiro. Na gravação, ele ainda conclama outros militares a desertarem do regime de Maduro. O comando de aviação acusou o general de traição.

O apoio de militares é uma das variáveis-chave na balança de poder entre Maduro, que se elegeu para um novo mandato até 2025 em eleições contestadas pela comunidade internacional, e o oposicionista Guaidó. O jovem de 35 anos foi reconhecido como autoridade máxima do país por Brasil, EUA, Colômbia e, mais recentemente, pelo Parlamento Europeu. Ele tem afirmado que pretende apenas chefiar um processo de transição e que não vai se candidatar a presidente.

Em manifestação contra a ditadura bolivariana na quarta (30), em Caracas, manifestantes pediam aos militares que permitissem a entrada de ajuda humanitária no país e que deixassem de seguir as ordens de Maduro. Cartazes estampavam a frase “Força Armada, recupera a tua dignidade”. Guaidó, que participou do protesto, tem feito diversos acenos aos militares, como a promessa de um plano de anistia àqueles que desertarem do governo Maduro.

“É um duro golpe para as Forças Armadas, embora não tenha comando”, disse à AFP a especialista em questões militares Rocía San Miguel.

A cúpula da Força Armada declarou em várias ocasiões sua lealdade absoluta ao presidente, mas a instituição mostra fissuras. Em 21 de janeiro, dois dias antes de Guaidó se autoproclamar presidente interino, 27 militares da Guarda Nacional se rebelaram contra Maduro, e após se entrincheirarem em um quartel de Caracas, foram detidos.

Essa rebelião fez explodir surtos de violência, com pequenos protestos e roubos, que deixaram em uma semana 40 mortos e 850 detidos, segundo relatórios da ONU. A ONG Controle Cidadão, presidida por San Miguel, calcula que 180 militares tenham sido detidos em 2018 acusados de conspirar, e 10 mil membros da Força Armada tenham pedido baixa desde 2015.

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