Pelo menos onze palestinos morreram em um ataque de milicianos do Hamas contra um complexo das Forças de Segurança Nacional, ligadas ao grupo rival Fatah, no Norte da Faixa de Gaza, segundo fontes médicas.
A onda de violência, descrita pelos moradores da região como mais brutal do que as anteriores, incluiu um tiroteio em um hospital, a eliminação de inimigos jogando-os vivos do alto de prédios e a execução de um comandante do Fatah, na frente da casa dele.
"Parece que estamos no Iraque, não em Gaza", disse Ammar, 60, pai de seis filhos. "Franco-atiradores nos telhados matando as pessoas. Corpos mutilados espalhados pelas ruas de forma humilhante. Casas bombardeadas e civis mortos. O que falta para chamar isso de uma guerra civil?"
Em um incidente, combatentes do Hamas queimaram a casa de um líder das Brigadas de Mártires de Al Aqsa, um braço do Fatah. O comandante respondeu prometendo: "Uma casa por uma casa, sangue por sangue. Juro por Deus que matarei todos os do Hamas, sejam civis ou militares."
Dirigentes da maior força de segurança leal ao presidente palestino, Mahmoud Abbas (ligado ao grupo secular Fatah), ordenaram que suas unidades mantivessem suas posições e derrotassem o que descreveram como uma tentativa de "golpe."
Testemunhas contaram ter visto um contingente extra da Força Nacional de Segurança dirigindo-se para o local dos conflitos com o Hamas.
O Fatah afirmou que seu Comitê Central se reuniria às 20h (15h em Brasília) a fim decidir sobre a continuidade ou não do governo de unidade nacional formado com o Hamas em março em meio a esforços para interromper os conflitos internos e amenizar o boicote imposto por países do Ocidente.
Em um ultimato semelhante a uma declaração de guerra, o braço armado do Hamas deu ao Fatah um prazo que se encerra às 14h para retirar da cidade de Gaza seu pessoal de inteligência militar, guarda presidencial, segurança nacional e segurança preventiva.
Depois de o prazo ter se esgotado, combatentes do Hamas atacaram um grande prédio controlado pelas forças de segurança ligadas ao Fatah em Gaza e cercaram o principal complexo de segurança da cidade.
"Avançar!"
Disparos de metralhadora de grosso calibre e explosões puderam ser ouvidos, mas não há ainda informações sobre baixas. Uma ordem expedida pela Força Nacional de Segurança determinava: "Avançar! Confrontem os defensores do golpe. Defendam sua dignidade e sua honra militar. Defendam a segurança de seu povo."
O Hamas e o Fatah travam uma luta de poder responsável por detonar também a atual onda de violência, onda essa em que, desde sábado, ao menos 20 pessoas foram mortas.
Combatentes dispararam contra a casa do primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyeh, um membro do Hamas, e contra o gabinete de Abbas. Ninguém ficou ferido.
As Brigadas dos Mártires de Al Aqsa declararam um estado de emergência em Gaza, afirmando ter adotado uma postura ofensiva. Abbas pediu a adoção imediata de um cessar-fogo e a realização de novos encontros entre as facções rivais e os mediadores egípcios. As várias tréguas assinadas nos últimos meses duraram pouco.
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