Na noite desta segunda-feira (2), ataques a tiros em vários locais, incluindo perto de uma sinagoga no centro de Viena, na Áustria, deixou 17 pessoas gravemente feridas e pelo menos quatro pessoas (dois homens e duas mulheres) mortas, confirmou a Polícia de Viena na manhã desta terça-feira. O ataque foi feito por pelo menos um suspeito, armado com um rifle de ataque e pistolas e que foi morto por tiros da polícia na noite de segunda-feira. O Ministro do Interior, Karl Nehammer, considera o incidente um ato terrorista de motivação islamista. Um policial também foi gravemente ferido, noticiou o Le Monde.
O suspeito estava usando o que parecia ser um colete com explosivos mas que, segundo a polícia, era falso. Policiais fizeram buscas no apartamento do homem e estão analisando vídeos de câmeras de segurança e feitos pelo público do momento do ataque, que começou pouco antes das 20 horas (16 horas em Brasília), quando muitos moradores aproveitavam as últimas horas de bares e restaurantes abertos na Áustria antes do lockdown que teve início à meia noite para conter o coronavírus.
"Vinte mil vídeos foram entregues e já analisamos 20% do conteúdo", afirmou o diretor geral de segurança pública de Viena, Franz Ruf, que disse ainda que não serão divulgados detalhes sobre a identidade do suspeito morto para não atrapalhar as investigações. Questionado se o ataque teve motivação antissemita ou de extremismo islamista, Ruf disse: "Está claro que essa era uma pessoa radicalizada, não podemos dizer mais do que isso porque ainda estamos investigando".
Segundo o canal de televisão austríaco ORF, o suspeito era um homem de 20 anos com origem na Macedônia do Norte e simpatizante do Estado Islâmico. Ele foi condenado em abril de 2019 a 22 meses de prisão por tentar viajar para a Síria para ingressar no grupo terrorista, mas foi liberado em 5 de dezembro, sob condicional, por ter sido considerado um jovem adulto e portanto sob a proteção da legislação para menores, noticiou a ORF.
A polícia austríaca confirmou também que os disparos aconteceram em seis locais diferentes. Várias pessoas foram presas após buscas em endereços ligados ao suspeito. As autoridades ainda tentam determinar se outros agressores participaram do atentado.
Sebastian Kurz, chanceler da Áustria, disse que Viena foi vítima de um "ataque terrorista abominável" conduzido por "criminosos muito profissionais".
Oskar Deutsch, líder da comunidade judaica em Viena, disse que o tiroteio ocorreu na rua onde fica a sinagoga principal da cidade mas que não estava claro se o local havia sido alvo. "A sinagoga já estava fechada na hora do tiroteio por volta das 20h", tuitou Deutsch.
O rabino Schlomo Hofmeister disse à Associated Press que viu pelo menos uma pessoa disparar contra pessoas sentadas do lado de fora dos bares na rua abaixo de sua janela. "Eles estavam atirando pelo menos 100 tiros do lado de fora do nosso prédio", disse o rabino.
Repercussão
A União Europeia "condena veementemente" o "horrível atentado", declarou no Twitter o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, chamando o ataque de "ato covarde". "Meu pensamento dirige-se às vítimas e aos habitantes de Viena (...) Estamos do lado da Áustria", escreveu.
O presidente da França, Emmanuel Macron, enviou uma mensagem de solidariedade ao povo austríaco e reiterou sua vontade de não ceder ao terrorismo.
"Depois da França, eles atacam um país amigo. É a nossa Europa. Nossos inimigos devem saber quem eles estão enfrentando. Não faremos concessões em nada", escreveu Macron no Twitter.
"Não devemos ceder ao ódio que visa dividir nossas sociedades", declarou o Ministério das Relações Exteriores alemão na segunda-feira."Mesmo que a extensão dos atos terroristas ainda não tenha sido determinada, nossos pensamentos vão para os feridos e as vítimas.", disse o ministério no Twitter
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