O Pentágono afirmou nesta terça-feira que hackers conseguiram acessar um sistema de emails não-confidencial no escritório do secretário de Defesa, Robert Gates, mas não quis comentar uma reportagem de que o exército chinês foi o responsável pelo ato.
A brecha na segurança ocorreu no final da primavera norte-americana, quando os monitores do Departamento da Defesa detectaram a invasão de "elementos de um sistema de email não-confidencial", que foi imediatamente desligado, disse o porta-voz do Pentágono, Bryan Whitman.
O sistema de email não retomou inteiramente suas operações por até três semanas.
"Nunca houve qualquer ameaça a sistemas confidencias", disse Whitman.
"Não houve interrupção das operações (de defesa) ou impacto adverso nas operações em andamento que o departamento estava realizando... todas as medidas de precaução foram tomadas e o sistema voltou a operar", disse.
Whitman falou após o jornal Financial Times, citando antigos e atuais autoridades dos EUA, afirmar que hackers do Exército de Libertação do Povo da China invadiram, em junho, a rede do departamento de Defesa dos EUA e removeram dados.
A China repudiou as alegações da reportagem.
"O governo chinês se opõe constantemente e ataca vigorosamente de acordo com a lei todos os crimes via Internet, incluindo as invasões", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Jiang Yu, em Pequim.
"Algumas pessoas estão fazendo graves acusações contra a China... Elas estão totalmente sem fundamento e também refletem uma mentalidade da Guerra Fria."
Pequim dedica uma grande parte de seu crescente orçamento de Defesa para o desenvolvimento de tecnologia mais avançada, incluindo aptidões em computadores.
Jiang disse, entretanto, que seu governo também é vítima de ataques via computador.
O presidente dos EUA, George W. Bush, deve se encontrar com o presidente chinês, Hu Jintao, em Sydney, enquanto os dois líderes participam do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico.
Whitman, entretanto, não quis comentar as origens suspeitas dos hackers e outros detalhes do incidente.
"Frequentemente é muito difícil localizar a origem verdadeira de uma invasão em particular", disse Whitman.
Hackers tentam invadir o Pentágono centenas de vezes por dia, disse ele, acrescentando que os grandes incidentes são entregues a agentes policiais para investigação.
A reportagem foi publicada uma semana após a chanceler alemã, Angela Merkel, ter feito reclamações similares de que hackers chineses instalaram programas espiões em ministérios do país.