As autoridades dos Estados Unidos "perderam a cabeça e enlouqueceram" em suas relações com a China, afirmou nesta sexta-feira (17) o Ministério das Relações Exteriores chinês. A declaração é mais uma na crescente tensão diplomática entre as duas potências.
Alguns dias antes, os EUA retiraram os vistos e congelaram os ativos de algumas autoridades chinesas. O governo Trump considera ainda uma proibição abrangente de vistos de membros do Partido Comunista Chinês e suas famílias. A medida pode impedir viagens de 270 milhões de pessoas, segundo uma estimativa do governo norte-americano.
Uma ordem executiva, que se encontra em versão preliminar, também visa limitar viagens aos Estados Unidos por membros do Exército Popular de Libertação e executivos de empresas estatais. Uma proibição tão ampla seria a ação mais provocativa contra a China desde o início da guerra comercial entre os dois países em 2018.
Nesta semana, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, anunciou que restringirá a concessão de vistos a funcionários da Huawei e de outras empresas chinesas que forneçam "apoio material" a governos que cometem violações aos direitos humanos. O chefe da diplomacia americana não detalhou quantas empresas serão submetidas à nova restrição nem quantos funcionários podem ser afetados.
Reino Unido, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Índia e Japão já cederam à pressão americana e proibiram o fechamento de contratos com a Huawei.
O procurador-geral dos Estados Unidos, William Barr, alimentou a polêmica essa semana acusando a China de realizar uma "blitzkrieg econômica" para substituir Washington como potência e espalhar sua própria ideologia política no mundo. Mas segundo a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, tanto Barr como outros membros do governo americano tentam desviar a atenção de seus próprios problemas.
"Essas pessoas, para seus próprios interesses e para seu benefício político, não hesitam em sequestrar a opinião pública (...) a ponto de perderem a cabeça e enlouquecerem", afirmou. Hua explicou que a China não tem nenhuma intenção de desafiar ou substituir os Estados Unidos e espera que Washington "volte à racionalidade" em sua política com a China. "Um pardal não consegue entender a ambição de um cisne", disse.
A relação entre China e EUA está em queda livre. Em questão de semanas, o governo Trump impôs sanções contra as políticas chinesas em Hong Kong e na região oeste da China. Aumentou a pressão sobre aliados para impedir o uso da tecnologia 5G chinesa.
Com a China ameaçando navios do Vietnã, Malásia e Indonésia no Mar do Sul, os EUA enviaram dois porta-aviões à região no mês passado, em uma demonstração agressiva de força. O Departamento de Estado declarou as reivindicações da China sobre as águas ilegais.
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