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A ong Anistia Internacional divulgou um novo relatório, nesta segunda-feira (13), no qual expõe relatos de chineses que são perseguidos pelo regime comunista no exterior.
De acordo com informações do documento, a ditadura de Xi Jinping vigia e intimida cidadãos que estudam fora da China, a fim de evitar influências que resultem em críticas ao comunismo e à gestão do PCCh.
No relatório, a organização acusou Pequim de perseguir constantemente esses estudantes, principalmente por meio da internet. Em um dos testemunhos obtidos pela ong, uma chinesa contou que participou de um evento em memória das vítimas do massacre da Praça Celestial (ação violenta do regime chinês na capital do país contra um protesto pacífico em 1989).
Segundo a fonte, que não foi identificada por questões de segurança, autoridades chinesas entraram em contato com sua família logo após a participação na homenagem, instando seus pais a “educá-la”. A jovem relata que não havia avisado ninguém que compareceria no protesto.
“Os testemunhos recolhidos neste relatório expõem os métodos intimidatórios com que os regimes da China e de Hong Kong tentam silenciar a população estudantil, mesmo a milhares de quilômetros de distância, levando-os a viver com medo”, afirmou Sarah Brooks, diretora da Amnistia Internacional na Ásia.
A ditadura chinesa passou a reprimir mais duramente críticas ao regime a partir da pandemia, quando foi alvo de inúmeras manifestações por cidadãos que residem no exterior e dentro do país devido às imposições rigorosas de restrição.
Quase um terço dos entrevistados pela Anistia Internacional confirmou que a ditadura de Pequim perseguiu suas famílias para evitar críticas ao regime por parte daqueles que estudam fora do país. Entre as ameaças estão a revogação de passaporte e até a limitação da liberdade de ir e vir.
Além disso, a ong denuncia que o regime pressiona as famílias que vivem na China a cortar qualquer ajuda financeira aos familiares que estudam fora, como forma de coação para silenciá-los.
“Para muitos chineses, uma viagem ao estrangeiro para estudar é a promessa de uma oportunidade de prosperar, longe das restrições impostas ao discurso político e acadêmico no país. No entanto, a investigação mostra que estas pessoas são incapazes de escapar das práticas repressivas do governo [regime], mesmo fora das fronteiras do país”, disse Brooks. Estima-se que exista quase um milhão de estudantes chineses no exterior.