Foto de arquivo. Antony Blinken será o Secretário de Estado do governo Biden| Foto: Mandel NGAN/AFP
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Antony Blinken será o indicado de Joe Biden para assumir o cargo de Secretário de Estado dos Estados Unidos, um dos mais importantes do país. Em quase duas décadas de trabalho em Washington, D.C., ele mostrou ter uma postura muitas vezes intervencionista que, em um governo Biden, pode representar o retorno a uma política externa americana mais beligerante do que a adotada na administração de Donald Trump – que manteve o seu compromisso de reduzir o envolvimento dos EUA em guerras em outros países.

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Biden anunciou nesta segunda-feira (23) que pretende nomear Blinken como Secretário de Estado, um cargo equivalente ao de chanceler, hoje ocupado por Mike Pompeo. A equipe de transição do democrata também confirmou a escolha de Jake Sullivan como conselheiro de segurança nacional, outro nome que não esconde sua inclinação em fazer uso da força em um conflito se julgar necessário.

Blinken esteve por trás da decisão do governo de Barack Obama em intervir militarmente na Líbia, mergulhando o país em uma guerra civil que não dá trégua. Segundo reportagem do site de notícias Politico, publicada em 2013, Blinken estava entre os poucos “que argumentaram que era do interesse dos Estados Unidos impedir Muammar Kadafi de massacrar seu próprio povo”.

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Outros exemplos de sua posição intervencionista: Blinken defendeu a ação dos Estados Unidos na guerra da Síria durante o governo Obama; parabenizou a administração Trump por ter bombardeado a Síria em abril de 2018, em retaliação ao uso de armas químicas contra civis por parte do regime de Bashar al-Assad; em 2017, defendeu que a administração Trump ajudasse a armar os ucranianos contra a invasão russa; é contra a retirada das tropas americanas da Síria.

Há uma explicação para esse posicionamento que muitas vezes difere do que pensa o próprio Joe Biden. Blinken é descendente de sobreviventes do Holocausto e já afirmou várias vezes que acredita que os Estados Unidos devem interferir militarmente em outros países para salvar populações em risco.

Apesar dessas tendências intervencionistas, nada apreciadas pela esquerda do Partido Democrata, Blinken não é considerado um “falcão da guerra”. Segundo o Washington Post, ele tem a reputação de um “criador de consenso não ideológico”, tendo se envolvido em resoluções diplomáticas. Blinken - junto com Sullivan - ajudou a Casa Branca de Obama a forjar o acordo nuclear do Irã, assinado em 2015 e do qual os Estados Unidos se retiraram em 2019. Como a intenção de Biden é colocar os Estados Unidos de volta neste acordo – e no processo fazer o Irã voltar a cumprir com suas obrigações –, a nomeação de Blinken serve a este propósito, assim como a de Sullivan.

Além disso, o nome de Blinken deve ser bem aceito entre os aliados americanos, especialmente na Europa. Uma das prioridades dele será restabelecer as relações com esses países que ficaram desgastadas após quatro anos da política “America First” e guerras comerciais.

Carreira

Blinken, 58, trabalha com Biden há quase duas décadas e já ocupou posições na Casa Branca durante governos de democratas. Foi membro da equipe de segurança nacional de Bill Clinton e de 1999 a 2001 foi o principal assessor do então presidente para as relações com os países da Europa e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

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Quando deixou a administração Clinton, entre 2001 e 2002, Blinken foi membro sênior do CSIS (Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais). Depois, assumiu como diretor democrata do Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA – cargo que ocupou até 2008.

Já no governo de Barack Obama ocupou funções mais importantes. Foi assistente do presidente e principal assessor adjunto de segurança nacional. No primeiro mandato de Obama, Blinken foi conselheiro de segurança nacional do vice, Joe Biden. No fim de 2014 foi confirmado como secretário de Estado adjunto.

Durante a campanha presidencial de 2020, Blinken foi assessor de Biden e principal porta-voz do candidato democrata em assuntos de política externa. Em uma das entrevistas que concedeu nesse período, Blinken disse que a administração de Biden buscará restaurar a liderança dos Estados Unidos no mundo e aumentar a cooperação, fugindo de soluções unilaterais.