O primeiro vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv) e número 2 do chavismo, Diosdado Cabello, em ato da legenda em Caracas em maio| Foto: EFE/Rayner Peña R.
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Na noite de quarta-feira (31), o primeiro vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv) e número 2 do chavismo, Diosdado Cabello, protagonizou uma daquelas cenas repugnantes que só uma ditadura é capaz de proporcionar.

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Ao comentar a prisão do líder oposicionista Freddy Superlano, que estaria sendo torturado, segundo relatos de pessoas próximas, Cabello ironizou: “Ele está detido e falando muito bem, é bilíngue”.

O número 2 do chavismo fez a piada de mau gosto durante seu programa de TV Con el Mazo Dando, transmitido pela emissora VTV.

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Cabello, de 61 anos, é militar reformado e aliado de primeira hora do chavismo. Em 1992, quando Hugo Chávez tentou um golpe de Estado, ele estava ao lado do futuro ditador. Ambos acabaram presos e Cabello ficou detido durante dois anos.

Quando Chávez finalmente chegou eleito ao poder, em 1999, Cabello o acompanhou. Exerceu vários cargos no governo venezuelano (diretor da Comissão Nacional de Telecomunicações, ministro da Secretaria da Presidência e vice-presidente) e até exerceu interinamente a presidência durante algumas horas em abril de 2002, após a crise em que Chávez quase foi derrubado.

Depois, foi ministro do Interior e da Justiça, da Infraestrutura e de Obras Públicas e governador do estado de Miranda. Como deputado na Assembleia Nacional (que chegou a presidir), cargo que ocupa desde 2011, ajudou o chavismo a varrer a oposição, inclusive após Nicolás Maduro substituir Chávez depois da morte deste, em 2013.

Tanta fidelidade foi recompensada com muitos favores indecorosos, e Cabello é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e narcotráfico.

Em março de 2020, os Estados Unidos o declararam procurado, acusando-o de envolvimento numa conspiração narcoterrorista entre o Cartel de los Soles, da Venezuela, e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

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Ele foi indiciado à época numa corte federal em Nova York por conspiração para cometer narcoterrorismo, conspiração para enviar cocaína para os Estados Unidos e acusações relacionadas envolvendo armas de fogo.

O Departamento de Estado americano ofereceu uma recompensa de até US$ 10 milhões por informações que levem à prisão e/ou condenação de Cabello. Antes, o número 2 do chavismo havia sido alvo de sanções dos Estados Unidos.

Maduro nem se importa com essa situação, porque todas as brigas públicas que o ditador compra têm a ajuda de Cabello: ele disparou bravatas contra os Estados Unidos após o contestado referendo sobre a anexação da região guianense do Essequibo, em dezembro, acusou este ano a oposição de corrupção no caso PDVSA-Cripto e ridicularizou os ex-presidentes de outros países latino-americanos que foram proibidos de entrar na Venezuela para fazer observação na eleição de domingo (28).

Nesta semana, reiterou as ameaças de Maduro contra a oposição e os manifestantes que contestam o resultado da eleição anunciado pelo chavista Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

“Vou dizer aqui no meu programa, que o programa é de vocês, eles [oposição] vão continuar com a violência deles e nós vamos f* com eles, e acabou a história, acabou a história. Eles sabem, eles estão escondidos”, afirmou, mais uma vez, no seu programa de TV.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]