Com Marco Antonio Rubio, o senador da Flórida de 53 anos de idade confirmado nesta quarta-feira (13) para ser o secretário de Estado (equivalente a ministro das Relações Exteriores em outros países) na nova gestão do republicano Donald Trump, os Estados Unidos terão um olhar atento voltado para a América Latina a partir de janeiro.
Rubio, nascido em Miami, é filho de cubanos que emigraram para os Estados Unidos em 1956, três anos antes da tomada do poder por Fidel Castro na ilha caribenha.
Rubio foi deputado na Câmara da Flórida e em 2010 foi eleito pela primeira vez para o Senado americano. No Legislativo, se notabilizou pela postura combativa contra governos e ditaduras de esquerda na América Latina.
Ele se opôs às tentativas de normalização das relações com Cuba durante a era Obama, é um grande crítico do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, e pediu sanções contra a ex-presidente argentina Cristina Kirchner por corrupção.
Sobre o Brasil, condenou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes pelo recente bloqueio do X no país e disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um “líder de extrema esquerda que encobre a natureza criminosa do narco-regime de Maduro”.
Rubio também é crítico das ditaduras do Irã e da China: em 2020, foi alvo de sanções de Pequim devido às suas declarações sobre a repressão aos protestos pró-democracia em Hong Kong.
Ele teve uma relação conflituosa no passado com seu futuro chefe. Em 2016, quando Trump o venceu nas primárias do Partido Republicano para a eleição presidencial, as discussões entre os dois nos debates fizeram a festa dos usuários de redes sociais.
Num desses debates, Trump ridicularizou Rubio por suar demais. “É nojento. Precisamos [na Casa Branca] de alguém que não tenha o que quer que seja que ele tenha”, afirmou.
O senador da Flórida também ridicularizou o futuro presidente americano, ao destacar, por exemplo, os erros de ortografia de Trump nas suas postagens no Twitter (hoje X).
“Deve ser assim que se escreve na Wharton School of Business”, disse Rubio, citando a universidade onde Trump estudou. Também afirmou que Trump “deve ter contratado um trabalhador estrangeiro para fazer seus tuítes”.
Por fim, Rubio desistiu da pré-campanha de 2016 após ter sido derrotado nas primárias no seu próprio estado.
Depois, durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021), Rubio foi coautor de uma lei para tornar mais difícil a retirada dos Estados Unidos da OTAN (uma ameaça de Trump), ao exigir que dois terços do Senado ratificassem a medida.
Apesar de ambos terem parado com as hostilidades mútuas e de Rubio ter feito campanha para Trump este ano, a agência Reuters informou que aliados trumpistas se preocupam com o fato de Rubio ter uma visão mais internacionalista (ao contrário do perfil isolacionista do presidente eleito) e mais voltada ao establishment tradicional republicano, varrido por Trump nos últimos anos.
A partir de janeiro, os Estados Unidos (e o mundo) saberão se tais disputas foram devidamente resolvidas.
Vai piorar antes de melhorar: reforma complica sistema de impostos nos primeiros anos
Nova York e outros estados virando território canadense? Propostas de secessão expõem divisão nos EUA
Ação sobre documentos falsos dados a indígenas é engavetada e suspeitos invadem terras
“Estarrecedor”, afirma ONG anticorrupção sobre Gilmar Mendes em entrega de rodovia