Cerimônia de posse une opositores no Quênia
Terra do pai do presidente eleito dos Estados Unidos, o Quênia assistiu à posse de seu "neto ilustre com telões espalhados pelo país e uma rara confraternização em um país marcado pela violência nos últimos anos.
Ao tomar posse como o 44º presidente dos Estados Unidos e o primeiro negro na história a ocupar tal cargo , o novo "homem mais poderoso do planeta", Barack Obama, acrescenta outro feito importante à sua biografia: transformou-se em símbolo de resistência, esperança e mudança para milhões de jovens americanos que, como há muito não se via, compareceram em peso às urnas. Não é pouca coisa em um país onde o voto é facultativo.
Logo após o término das eleições, uma pesquisa da rede de televisão ABC revelou que 66% dos votantes com idades entre 18 e 24 anos eram pró-Obama, enquanto apenas 32% preferiam o republicano John McCain. É verdade que essa turma de espinhas na cara e pouca experiência política representa apenas 10% do eleitorado. Porém, ao longo da campanha, os jovens democratas foram capazes de demonstrar um entusiasmo do tamanho de suas ambições e fizeram muito, muito barulho.
Não é difícil entender os motivos de tamanha comoção em torno do nome de Barack. Além de carismático e bom de câmera e microfone, este filho de um imigrante queniano transformou a história pessoal em prova viva de que o sonho americano ainda vive após longos oito anos sob a administração George W. Bush aliás, o melhor cabo eleitoral que alguém poderia ter.
Ativista político, líder comunitário, estudante esforçado e aglutinador habilidoso, Obama soube transmitir uma imagem de confiança e proximidade com os cidadãos comuns principalmente os jovens, as mulheres, os negros e os latinos. Aliado a uma forte e eficiente estratégia de marketing, soube usar os obstáculos a seu favor. Durante a campanha, não usou a cor da pele para estimular desavenças e mergulhar numa das feridas mais profundas da América. Deixou que os outros o comparassem a Martin Luther King, a quem ele próprio nunca se comparava.
Desse jeito, ficou fácil emplacar lemas como "Change we need" ("Mudança: nós precisamos") ou "Yes, we can" ("Sim, nós podemos"), disseminados de forma viral através de veículos até então pouco explorados pelos políticos, como a internet. Os jovens adoraram a novidade e espalharam com seus vídeos e depoimentos em comunidades virtuais a "boa nova" de Obama, que se transformou numa celebridade, um ícone pop e um prato cheio para a mídia. Daí a infinidade de artistas e estrelas de tevê que apoiaram sua plataforma.
O republicano McCain até chegou a acusar o adversário de ser um popstar e não um administrador competente. Não funcionou. Principalmente para os jovens, valeu mais a figura simpática de Barack, seu gosto musical moderno, eclético e cosmopolita, que vai de Marvin Gaye e Aretha Franklin aos rappers americanos donos das paradas de sucesso atuais.
Obama também se declarou fã de quadrinhos, especialmente do Homem-Aranha. Acabou indo parar na capa de uma recente edição da principal revista do herói, um dos mais populares dos EUA. Na mão de alguns artistas gráficos mais empolgados, o novo presidente é o Superman sem modéstia.
Se o novo "Homem de Aço" dos americanos vai dar conta do recado ou vai sucumbir à criptonita, só o tempo dirá. Os desafios são enormes, mas a esperança é grande.
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