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O governo peronista da Argentina e a equipe do candidato libertário à presidência Javier Milei entraram numa nova discussão pública neste início de semana: desta vez, o tema foi a soberania sobre as Ilhas Malvinas.
Diana Mondino, candidata a deputada e cotada para ser ministra das Relações Exteriores caso Milei seja eleito em outubro, disse em entrevista ao jornal inglês The Telegraph no fim de semana que “os direitos dos ilhéus serão respeitados”.
Foi uma referência a um referendo realizado em 2013 entre os habitantes das Malvinas, no qual 99,8% dos habitantes das ilhas votaram a favor da manutenção do status do arquipélago como território ultramarino dependente do Reino Unido. O governo da Argentina considera que a consulta foi ilegal.
“Muitos anos podem passar, mas nenhuma decisão pode ser imposta a outras pessoas, nem aos argentinos, nem a ninguém. As decisões não podem mais ser impostas, isso tem que acabar”, afirmou Mondino, indicando que uma eventual gestão Milei vai abrir mão de disputas sobre as Malvinas.
“Os direitos dos ilhéus serão respeitados, devem ser respeitados e não podem ser desrespeitados. O conceito de que se pode impor às pessoas o que se pode fazer ou o que se deve fazer é muito feudal e ingênuo”, disse Mondino.
Nesta segunda-feira (11), em entrevista à Rádio Nacional, o atual secretário das Malvinas, Antártida e Atlântico Sul do Ministério das Relações Exteriores argentino, Guillermo Carmona, disse que a postura de Mondino “ameaça a soberania nacional” do país.
“Por um lado, propõe o reconhecimento dos ilhéus, com total ignorância sobre o regime constitucional argentino, e, com as suas declarações, dá origem a um alegado direito à autodeterminação que a Argentina e a comunidade internacional rejeitam”, disse Carmona.
Em 1982, Argentina e Reino Unido entraram em conflito por causa das Malvinas, em uma guerra que terminou com a vitória britânica e causou a morte de 649 argentinos, 255 britânicos e três nativos das ilhas. (Com Agência EFE)