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Apesar das diferentes tradições ao redor do mundo, o dia 24 de dezembro é internacionalmente conhecido como véspera do Natal. Na Venezuela sob o regime de Nicolás Maduro, no entanto, essa realidade foi alterada no calendário deste ano, numa tentativa de omitir uma série de violações de direitos que ocorrem no país sul-americano.
Em 1º de outubro, três meses após eleições marcadas por denúncias de fraude, a ditadura chavista decretou “Natal antecipado”, evento que, segundo Maduro, deve durar até 15 de janeiro de 2025, dias após sua "posse" para um terceiro mandato, marcada para 10 de janeiro, apesar da apresentação de atas eleitorais pela oposição indicando uma derrota do atual governante nas urnas.
Nesse cenário, o Natal, marcado por boas comemorações em todo mundo, se tornou mais um artifício do chavismo para reafirmar seu poder arbitrário.
Presos políticos
Nos meses que sucederam as eleições de julho, centenas de venezuelanos que protestaram contra a fraude eleitoral foram presos arbitrariamente, apesar do regime chavista negar que exista presos políticos no país.
Na semana passada, o ditador alegou que os detidos em meio à crise pós-eleitoral de julho são pessoas que cometeram ataques e “mataram”. Por isso, não podem ser considerados presos políticos.
Segundo um levantamento da Ong venezuelana Foro Penal, 1.877 pessoas foram presas durante os protestos contra regime desde julho. O Ministério Público, controlado pelo chavismo, disse que 533 pessoas detidas no período pós-eleitoral foram libertadas nas últimas semanas. Entre os presos políticos, estão mais de 100 adolescentes e 216 mulheres.
Além das milhares de detenções arbitrárias, o regime de Nicolás Maduro também usou a força brutal do Estado em níveis mais violentos: um mês após a eleição, 27 pessoas foram mortas pelas forças de segurança e grupos armados apoiados pelo chavismo.
Apoio de ditaduras
Os três meses de Natal na Venezuela também foram marcados pelo aumento de apoio de ditaduras ao regime de Maduro.
Na quinta-feira, os ministros das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, e da Venezuela, Yván Gil, se reunira para discutir as relações bilaterais, ocasião na qual foi afirmada a parceria de longa data entre os regimes.
“Os ministros discutiram questões bilaterais atuais e reafirmaram a intenção compartilhada de promover uma coordenação abrangente da cooperação russo-venezuelana nos assuntos globais”, diz uma nota divulgada pela chancelaria russa, acrescentando que “Sergey Lavrov expressou apoio à liderança venezuelana antes da posse do presidente [ditador] Nicolás Maduro para mais um mandato”.
No final de outubro, Maduro viajou para Moscou, onde se encontrou com seu homólogo russo, Vladimir Putin, na primeira viagem ao exterior desde a escalada da crise política em julho.
Durante o encontro, Putin reiterou que a Venezuela era "um dos parceiros mais antigos e confiáveis da Rússia na América Latina".
“Estamos prontos para continuar recebendo investimentos russos, para continuar fortalecendo nosso comércio, para continuar fortalecendo a aliança entre os setores empresariais em todos os campos”, disse o ditador de Caracas na ocasião.
Um mês depois, Venezuela e Irã, outro regime comandado pelo aiatolá Ali Khamenei, assinaram novos acordos de cooperação e revisaram plano conjunto que já estavam em vigor.
Apesar da falta de detalhes sobre os documentos assinados, a Agência EFE informou que um deles diz respeito à transferência de tecnologia do Irã na área de Inteligência Artificial (IA).
Também foram revisados cerca de 80 compromissos assinados em 2022 e 2023. Ao todo, a Venezuela e o Irã assinaram cerca de 300 acordos desde a ascensão do chavismo, há 25 anos.