Ouça este conteúdo
Uma pesquisa realizada pela consultoria costarriquenha CID Gallup e encomendada pelo jornal nicaraguense Confidencial apontou que a Igreja Católica, perseguida pela ditadura de Daniel Ortega, é a instituição considerada mais confiável pela população da Nicarágua.
Dos entrevistados, 48% manifestaram que a instituição em que mais confiam é a Igreja. Com a mesma porcentagem, o presidente da Fundação para a Liberdade da Nicarágua e ex-candidato à presidência Félix Maradiaga apareceu como a personalidade mais respeitada do país na pesquisa, realizada na Nicarágua entre 14 e 20 de junho e que ouviu 823 pessoas em todo o país.
Por outro lado, o governo de Daniel Ortega teve 61% de reprovação na pesquisa; 70% dos cidadãos entrevistados consideraram que a Nicarágua está no caminho errado e 42% disseram que acreditam que a situação da sua família ficará pior nos próximos 12 meses.
Entre as personalidades com maior opinião desfavorável entre a população do país, Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, apareceram nas duas primeiras posições, reprovados por 54% e 49% dos entrevistados, respectivamente.
A Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), partido de Ortega, teve apenas 13% de apoio na pesquisa, o menor patamar nas últimas duas décadas, segundo o Confidencial.
“Grande parte da população nicaraguense é católica e, portanto, não vê com bons olhos o que está acontecendo, a perseguição à Igreja. Há também o reconhecimento das igrejas evangélicas e isso significa que de alguma forma, se olharmos para outra pergunta da pesquisa, o setor religioso é o que tem maior credibilidade”, apontou o cientista político José Antonio Peraza, em entrevista ao Confidencial.
Na pesquisa, 79% rechaçaram a pena aplicada ao bispo Rolando Álvarez, condenado a mais de 26 anos de prisão pela ditadura sandinista em fevereiro por “traição à pátria”.
A Nicarágua intensificou desde o ano passado a perseguição à Igreja Católica, com prisões e expulsões de religiosos do país, apropriação de bens, congelamento de contas e proibição de atividades. O ditador Daniel Ortega acusa a Igreja de tentar derrubá-lo, por ter apoiado e acolhido manifestantes dos protestos pró-democracia de 2018.