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Kathleen Stock, de 49 anos, é escritora, professora de filosofia e feminista. É autora do recém-lançado “Material Girls: Why Reality Matters For Feminism” (“Garotas Materiais: Porque a Realidade Importa para o Feminismo”, ainda sem tradução para o português) e uma das mais proeminentes críticas das teorias que visam dissolver quaisquer diferenças entre homens e mulheres.
Sua desaprovação da chamada “teoria queer”, bem como sua defesa da primazia do sexo biológico levou dezenas de alunos a pedirem sua demissão à Universidade de Sussex, onde ela lecionou por dezoito anos. Na última quinta-feira (28), três semanas após uma onda de protestos no campus de Brighton da universidade, com direito a posters e grafites, Stock anunciou sua demissão.
“Foram alguns anos muito difíceis, mas a abordagem da liderança foi admirável e decente. Espero que outras instituições em situações semelhantes possam aprender com isso”, publicou a professora em sua conta no Twitter. Stock afirmou que foi uma época “absolutamente horrível” para ela. No início deste mês, a polícia solicitou que a professora ficasse longe do campus, depois da abertura de uma investigação de “transfobia institucional”.
Um porta-voz da universidade, contudo, afirmou ao jornal britânico The Guardian que não havia provas substantivas de que ela tenha cometido qualquer irregularidade ao defender que políticas públicas devem ser baseadas no sexo biológico, e não na autoidentificação. “A professora Stock deixa a Universidade de Sussex com nossa gratidão por suas contribuições significativas como professora e acadêmica. A partida dela é uma perda”, disse a nota.
Em e-mail interno, o vice-reitor de Sussex, Adam Tickell, vice-reitor de Sussex, reforçou o apoio: “Esperávamos que a professora Stock se sentisse capaz de voltar ao trabalho e a teríamos apoiado para fazê-lo. Ela decidiu que os eventos recentes significam que isso não será possível, e nós respeitamos e entendemos essa decisão. Sentiremos falta de suas muitas contribuições, das quais a universidade se beneficiou durante sua estada aqui”.
Apesar do desfecho lamentável, há que se reconhecer o esforço da instituição em nadar contra a corrente do cancelamento, dominante nas universidades americanas. “Estou particularmente feliz em ver a Universidade [de Sussex] enfatizando que intimidar e assediar qualquer pessoa em seu local de trabalho por causa de suas crenças legalmente sustentadas é inaceitável”, relatou Stock.
Vale ressaltar também o caráter arbitrário e totalitário dos alunos que denunciaram Kathleen Stock por "transfobia": em 2019, Stock, que é lésbica, escreveu um ensaio afirmando que não vê problema nenhum em "usar pronomes preferenciais para colegas e alunos e consideraria rude não fazê-lo". Também argumentou repetidamente que pessoas transgênero merecem plenos direitos humanos e proteção contra discriminação e assédio.
Seu "crime" foi criticar a imposição legal dos chamados pronomes "neutros" e o acesso de homens biológicos a espaços femininos. Como escreve a editora da revista digital Quillette, Claire Lehmann, "quer alguém concorde com seus argumentos ou não, [Kathleen Stock] os apresenta com cuidado, razoavelmente e com a independência de espírito que se esperaria de um filósofo acadêmico".