A missão de chanceleres da Organização dos Estados Americanos (OEA) que tenta mediar a crise em Honduras ficou "surpresa" com a dureza do presidente de facto Roberto Micheletti, disse na quinta-feira um alto funcionário do organismo multilateral.
A delegação visitou Micheletti na noite de quarta-feira e insistiu que o presidente deposto Manuel Zelaya deve voltar ao poder, para dar legitimidade às eleições presidenciais marcadas para novembro - e nas quais o governo de facto aposta para abrir um novo parágrafo na situação política do país.
Mas Micheletti foi taxativo em sua rejeição à volta de Zelaya ao poder, para concluir um mandato que terminaria em janeiro.
"A missão de chanceleres ficou um pouco surpresa, porque na reunião (prévia) com os negociadores havia esperança", disse à Reuters Victor Rico, secretário de Assuntos Políticos da OEA.
Quando os chanceleres propuseram a possibilidade de restituir Zelaya antes das eleições, Micheletti respondeu em tom de desafio. "O objetivo final são as eleições, que terão lugar em 29 de novembro (...). Só se nos mandarem um ataque e nos invadirem, é a única forma de nos deter", respondeu o presidente de facto, segundo relato de Rico.
Depois do decepcionante encontro, a OEA fez na quinta-feira uma declaração insípida sobre sua esperança de êxito no processo de diálogo instaurado entre representantes do governo de facto e do governo deposto pelo golpe militar de 28 de junho.
Os representantes de Zelaya não esconderam seu pessimismo com o diálogo, apesar de ter sido estabelecida uma agenda comum e retomada a discussão sobre o acordo sugerido pelo mediador costarriquenho Oscar Arias, que inclui a volta de Zelaya ao poder, à frente de um governo de unidade nacional.
"Não podemos dar por fracassado um diálogo que acabamos de começar", disse Rico. "O diálogo já está instalado. Já se sentaram para discutir uma saída para a crise. O papel da missão de chanceleres se cumpriu (...). É preciso continuar trabalhando."
Depois de se reunir com Micheletti, a missão de chanceleres também visitou Zelaya na embaixada do Brasil, onde ele permanece abrigado desde que voltou clandestinamente do exílio, há duas semanas. O prédio continua cercado por militares e policiais.
O secretário da OEA afirmou que os enviados da missão escutaram uma queixa de Zelaya por suas condições de segurança e um apelo para que ele possa ter contato direto com seus representantes no processo de diálogo.
De acordo com Rico, os chanceleres voltam na quinta-feira aos seus países, mas vários funcionários da OEA permanecerão em Honduras na qualidade de observadores do processo.
Vai piorar antes de melhorar: reforma complica sistema de impostos nos primeiros anos
Nova York e outros estados virando território canadense? Propostas de secessão expõem divisão nos EUA
Ação sobre documentos falsos dados a indígenas é engavetada e suspeitos invadem terras
“Estarrecedor”, afirma ONG anticorrupção sobre Gilmar Mendes em entrega de rodovia