A Irmandade Muçulmana se aproxima nesta quarta-feira de ter um papel dominante no primeiro Parlamento egípcio livre em várias décadas, mas disse que não irá impor suas vontades na nova Constituição e que deseja colaborar com todos os partidos políticos na redação do texto.
Algumas regiões do Egito votam nesta quarta-feira, no segundo dia da última etapa da eleição para a Câmara dos Deputados. É a primeira eleição legislativa livre no país desde que militares derrubaram a monarquia, em 1952.
A votação é parte do plano da junta militar egípcia para transferir o poder a civis antes de julho, encerrando assim um turbulento interregno que começou com a deposição do presidente Hosni Mubarak, em fevereiro, em meio a uma rebelião popular.
O Partido Liberdade e Justiça (PLJ), ligado à Irmandade, liderou as duas primeiras etapas da eleição, e a ascensão desse e de outros partidos islamistas causou preocupação no Ocidente, já que o Egito foi nas últimas décadas um importante aliado dos EUA, e é um dos poucos países da região que mantêm diálogo com Israel.
Fundada em 1928, a Irmandade é a mais bem organizada força política do Egito. Depois de passar décadas proibida - mas toleradas - pelo regime de Mubarak, a Irmandade aproveita a popularidade resultante das suas atividades beneficentes em bairros pobres, geralmente negligenciados pelas autoridades.
No subúrbio proletário de Shubra al Khaima, nos arredores do Cairo, cidadãos faziam fila para votar em ruas esburacadas e cheias de lixo. "No antigo regime, minha cédula já vinha marcada", disse o mecânico Sherif, de 42 anos. "Vim aqui hoje sabendo que meu voto irá contar."
Até agora, o partido radical islâmico Al Nour, ligado à seita salafista, aparece em segundo lugar na votação, mas analistas acham improvável que os dois grupos religiosos se unam, e apostam numa coalizão do PLJ com partidos laicos.
"O fato de o partido ter ganhado a maioria no novo Parlamento não significa que ele irá sozinho escrever a Constituição sem consideração pelos direitos dos outros egípcios, ignorando as forças políticas que não conquistaram a maioria ou que fracassaram nas eleições parlamentares", disse Mohamed Mursi, dirigente do PLJ.
"Todas as forças políticas e intelectuais no Egito, a despeito das suas afiliações políticas e religiosas, vão participar na redação da Constituição", disse Mursi em declarações publicadas na terça-feira no site da Irmandade.
A eleição parlamentar egípcia, que começou em novembro, ainda terá um segundo turno em 10 e 11 de janeiro, com resultados finais esperados para o dia 13. A votação para o Senado será em janeiro e fevereiro.
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