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O chefe do Instituto Penitenciário Nacional do Peru (INPE), Javier Llaque, afirmou nesta quinta-feira (11) que o país deportará prisioneiros equatorianos, incluindo membros de facção como Los Tigrones, caso Noboa siga com seu plano de deportação de estrangeiros em massa, conforme anunciado na terça-feira (9), para reduzir a superlotação carcerária em meio à onda de violência que o país enfrenta.
O responsável pelo INPE disse durante uma entrevista transmitida na emissora peruana RPP que as prisões do Peru possuem atualmente 4.500 reclusos estrangeiros, a maioria (cerca de 3.300) de nacionalidade venezuelana. “Criminosos equatorianos temos 162 em várias prisões do país, dos quais pelo menos quinze pertencem aos Tiguerones", disse.
Llaque afirmou estar preocupado com a possível deportação de outros criminosos para o país. "Tem havido preocupação porque o presidente do Equador indicou que vai devolver ou expulsar 1.500 estrangeiros, mas esse número inclui venezuelanos e colombianos. Há apenas cem peruanos nas prisões equatorianas”, acrescentou.
“Se por acordo as autoridades decidirem devolvê-los, temos 162 condenados, então será uma questão recíproca. Isso não vai criar preocupação com a superlotação das prisões, por precaução”, destacou ele.
A atual presidente do Peru, Dina Boluarte, também se pronunciou sobre o assunto, afirmando que a eventual deportação de prisioneiros peruanos deve seguir um “devido processo para que a segurança da nação não seja colocada em risco".
A proposta de Noboa também foi criticada pelo novo presidente da Assembleia Nacional de Governos Regionais do Peru (ANGR), Werner Salcedo, bem como pelos governadores Luis Neyra (Piura) e Sigismundo Cruces (Tumbes), que pediram à presidente peruana que rejeitasse a medida. “Acho que imediatamente Boluarte deveria ter contato com o presidente Noboa para que isso não aconteça, porque nos colocaria em desvantagem em relação à criminalidade. Já temos enfrentado sérios problemas com o crime organizado no Peru", disse Neyra em entrevista coletiva.
Após a decretação de estado de emergência no Equador, o Peru também enviou militares para a fronteira, onde contam com o apoio das Forças Armadas e da Polícia Nacional (PNP).
Na quarta-feira (10), o governo de Daniel Noboa propôs a países vizinhos que assumissem a custódia de cerca de 1.500 presos colombianos que permanecem nas prisões equatorianas, o que lhes permitiria reduzir a superlotação no sistema prisional.