Depois de ver sua vantagem praticamente desaparecer nos últimos dias, Keiko Fujimori tenta neste domingo (5) se tornar a primeira mulher eleita presidente do Peru, em um segundo turno contra Pedro Pablo Kuczynski, que recuperou as possibilidades de vitória, como demonstram as pesquisas mais recentes.
Quase 23 milhões de peruanos devem comparecer às urnas neste domingo entre 8h (10h de Brasília) e 16h (18h de Brasília) para o segundo turno, no qual o fujimorismo luta para retornar ao poder 16 anos depois que o pai da candidata, Alberto Fujimori, fugiu para o Japão e renunciou por fax à presidência, o que encerrou um governo repressor e corrupto (1990-2000).
Os primeiros resultados devem ser anunciados às 22h (0h de Brasília). O voto é obrigatório no Peru.
De acordo com duas simulações de voto divulgadas no sábado, pelas empresas Ipsos e GFK, Fujimori deixou de ser apontada como favorita e Kuczynski aparece um pouco à frente da filha do autocrata Fujimori.
“Nada é definitivo. Só é possível antecipar que o virtual empate de hoje (sábado) antecipa um resultado apertado amanhã” (domingo), explicou Alfredo Torres, presidente-executivo da Ipsos.
“Pensem na democracia e no diálogo, que é a única coisa que vai nos salvar da corrupção, do narcotráfico e do desastre”, disse Kuczynski antes de votar. Ele também pediu um “governo de unidade para o Peru”.
Keiko Fujimori pediu aos compatriotas que “compareçam a votar unidos e pensando em nosso país. O dia de hoje é um dia de festa e quem deve ganhar é o Peru”.
Um dos primeiros a votar foi o atual presidente Ollanta Humala, ao lado da esposa Nadine Heredia.
Empate técnico
De acordo com uma simulação de voto realizada na véspera do pleito pela empresa Ipsos, Kuczynski alcançou 50,4% dos votos válidos contra 49,6% para Fujimori. Há uma semana, era Fujimori que liderava todas as pesquisas.
A cifra evidencia um empate técnico, pois a margem de erro é de 1,8 ponto percentual. Foram entrevistados em todo o país 7.260 eleitores.
“A brecha pode aumentar se continuar a tendência de crescimento de Kuczynski ou se reverter, se o ativismo da militância da Fuerza Popular (partido de Fujimori) conseguir aumentar a participação eleitoral e a participação ao seu favor no interior do país”, disse Torres no sábado.
Já a simulação de votação da empresa Gfk, atribui a Kuczynski 51,1% dos votos contra 48,9% para Fujimori. A margem de erro é de 1,6 ponto percentual, em uma pesquisa realizada com 11.000 entrevistados, e que também configura empate técnico.
Herança controversa
Keiko, 41 anos, é filha do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), condenado por crimes de corrupção e contra a humanidade, e conta com um sólido apoio das classes populares. Ela aparecia como a favorita nas últimas semanas.
Sua candidatura foi afetada recentemente por denúncias de suposta lavagem de dinheiro e narcotráfico em seu círculo mais próximo.
Além disso, apesar dos esforços para modernizar seu partido ‘Fuerza Popular’, que em 10 de abril conquistou a maioria absoluta no Congresso, Keiko Fujimori enfrenta a rejeição de etade dos peruanos, que a identificam com a corrupção e as violações aos direitos humanos do governo de seu pai, que cumpre uma pena de 25 anos de prisão.
Os principais meios de comunicação também anunciaram apoio a Kuczynski e Keiko Fujimori foi alvo de manifestações contra sua candidatura nos últimos dias.
Ex-ministro
Kuczynski, 77 anos, por sua vez, é vinculado a grandes empresas. Ele capitalizou nos últimos dias o voto antifujimorista e recebeu o apoio da maioria dos candidatos derrotados no primeiro turno – especialmente da esquerda –, que consideram o retorno do fujimorismo prejudicial para o país.
Além disso, o economista foi considerado o vencedor do debate do domingo passado, 29 de maio.
PPK, como é chamado, ex-ministro da Economia e empresário de sucesso, tem o apoio das classe média alta urbana e do antifujimorismo, enquanto sua rival é a preferida entre os mais pobres, que lembram do governo linha dura de seu pai, que combateu o problema da violência com mão de ferro.
O vencedor do segundo turno terá mandato para governar o país no período 2016-2021.
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