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O governo do Peru declarou o embaixador do México em Lima, Pablo Monroy, como persona non grata e lhe deu 72 horas para deixar o país andino devido ao que considera uma “ingerência” das “altas autoridades” mexicanas, e também concedeu salvo-conduto à família do ex-presidente Pedro Castillo para ir ao país norte-americano, que lhe concedeu asilo.
“Informo que o governo do Peru declarou o embaixador mexicano no Peru, Pablo Monroy, persona non grata por causa das repetidas expressões das mais altas autoridades daquele país (...) que constituem interferência em nossos assuntos internos e violam o princípio da não-intervenção”, disse a ministra das Relações Exteriores, Ana Cecilia Gervasi.
Ela também anunciou que o governo concedeu salvo-conduto a Lilia Paredes, esposa do ex-presidente Pedro Castillo, e seus filhos para que possam ir ao México.
A chanceler disse ter informado ao governo mexicano que Paredes está sendo investigado por um crime comum, e que não há “perseguição política”.
“O Ministério das Relações Exteriores procedeu para conceder os salvo-condutos às pessoas acima mencionadas. O governo mexicano foi informado pelo Ministério das Relações Exteriores que a Sra. Lilia Paredes está sendo investigada como autora do crime de organização criminosa, que está previsto e sancionado”, disse a chanceler.
Gervasi frisou que o salvo-conduto vale para Paredes e “seus dois filhos menores”, e não mencionou Yenifer Paredes, que é a irmã mais nova da esposa de Castillo, mas que foi criada como filha pelo casal presidencial e que também está sendo investigada pelo Ministério Público peruano por supostamente fazer parte de uma organização criminosa.
“O governo reitera enfaticamente que não há perseguição política e que imperam o Estado de direito, a separação de poderes e o respeito pelas garantias da administração da Justiça, incluindo o devido processo”, acrescentou Gervasi.
Em um comunicado divulgado pouco depois pelo mesmo Ministério das Relações Exteriores, ela afirmou que são “de particular preocupação” as críticas feitas pelo presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, em 16 e 19 de dezembro, sobre o estado de emergência decretado pelo governo peruano e a respeito da ordem democrática e legal no país sul-americano e da prisão provisória de Castillo.
“As declarações do presidente mexicano são particularmente graves nas circunstâncias em que o país enfrenta uma situação de violência que é incompatível com o exercício do direito legítimo de todas as pessoas de se manifestarem pacificamente”, disse a pasta.