O Peru vai redobrar os esforços para que os gastos sociais atinjam vítimas da pobreza extrema e para tornar as empresas estatais mais eficientes, possivelmente abrindo-as ao capital privado, disse nesta segunda-feira o ministro das Finanças, Luis Miguel Castilla.
Depois de ser vice-ministro no governo conservador de Alan García, o ex-economista do Banco Mundial assumiu a pasta na quinta-feira, depois da posse do presidente esquerdista Ollanta Humala.
Na opinião de Castilla, é recomendável evitar debates ideológicos e focar na melhoria dos serviços fornecidos pelo Estado, o que passa por eliminar duplicidades e desperdícios nos programas sociais.
Essas declarações são mais um sinal de que a equipe econômica de Humala não abandonará as políticas de livre mercado que garantiram ao Peru um dos mais expressivos índices mundiais de crescimento econômico.
Humala lançou-se na política como um radical de esquerda, mas atenuou seu discurso nos últimos anos e tranquilizou os mercados com os nomes escolhidos para sua equipe econômica.
Castilla disse que o governo pretende criar um ministério para administrar os gastos sociais, que geralmente consomem metade do orçamento público. Depois de uma década de forte expansão econômica, cerca de um terço dos peruanos continua na pobreza.
"O grande desafio é chegar àqueles que não veem a presença do Estado, como os idosos e aqueles na pobreza extrema, e que essas intervenções por sua vez sejam eficazes", disse o ministro à rádio RPP.
"Felizmente isso vem em boa hora, quando os recursos fiscais estão disponíveis. Fechamos o primeiro semestre com um superávit superior a 5 por cento do PIB, com baixos níveis de endividamento. Isso nos dá margem para oferecer os recursos."
O Peru conta também com reservas financeiras de quase 50 bilhões de dólares, e as autoridades dizem que o país está bem posicionado para resistir a crises globais.
Durante sua campanha, Humala prometeu garantir uma renda mínima para todos os peruanos, elevar o salário mínimo e taxar lucros excessivos do setor minerador.
Castilla disse que o governo está realizando discussões "técnicas" com as mineradoras para ver como elas poderão contribuir mais com os cofres públicos sem afetar os investimentos de 40 bilhões de dólares que o setor planeja para a próxima década no país.
O Peru privatizou quase todas as suas estatais na década de 1990, mas algumas exceções notáveis permanecem nas mãos do Estado -- como é o caso da Petroperú, do setor de gás e petróleo.
Alguns seguidores nacionalistas de Humala defendem que a empresa seja fortalecida e se torne uma espécie de versão local da Petrobras ou da chilena Codelco -- duas estatais de exploração de recursos naturais que são vistas como líderes nos seus campos de atuação.
"Acho que é importante modernizar nossas empresas públicas, para que elas estejam na linha de frente. Não há nada de errado em ter empresas públicas, desde que elas funcionem efetivamente", disse Castilla, que tem doutorado em economia pela Universidade Johns Hopkins, dos EUA