Ao menos duas pessoas morreram no Peru nos últimos dois dias durante os protestos contra o presidente Pedro Castillo, originados por uma paralisação de transportadores. Um desses óbitos ocorreu na região peruana de Ica, informou a Polícia Nacional do Peru (PNP) nesta quarta-feira (6).
“Lamentamos o falecimento de uma pessoa durante os protestos ocorridos em Ica. Integrantes da PNP transferiram de maneira imediata (o ferido) ao hospital regional. Evento onde 19 efetivos policiais ficaram feridos no cumprimento de sua função”, escreveu a polícia no Twitter.
Diante desta situação, as autoridades pediram que os manifestantes “não gerem mais atos de violência que atentem contra o direito à vida, a propriedade pública e privada e a livre circulação pelo território nacional”. A PNP não detalhou as causas da morte registrada.
Posteriormente, a Presidência do Peru expressou no Twitter suas “sentidas condolências” aos parentes e amigos do falecido na região de Ica.
“Invocamos o fim da violência, o restabelecimento da paz social e a resolução das demandas da população mediante o diálogo”, acrescentou.
A Coordenação Nacional dos Direitos Humanos do Peru (Cnddhh) denunciou à Agência Efe a morte de mais uma pessoa e alegou que os dois falecidos foram mortos por tiros da polícia.
A primeira fatalidade foi um jovem de 18 anos na região central de Huánuco que morreu na terça-feira, após ter sido atingido por uma bomba de gás lacrimogêneo.
O segundo caso é o da pessoa que morreu nesta quarta-feira em Ica, segundo a Cnddhh, depois de ter sido atingida por uma bala perdida durante os confrontos entre manifestantes e a polícia.
Diante desses acontecimentos, a Cnddhh exigiu o fim da repressão policial e a renúncia do ministro do Interior, Alfonso Chávarry, a quem pediu que assuma “a sua responsabilidade política”.
Além disso, a organização de direitos humanos disse que, como resultado da ação policial durante a greve nacional dos transportes, que começou a 28 de março, um jovem foi ferido no olho por um projétil.
Com estas duas mortes, o país soma agora seis óbitos em nove dias de protestos. Segundo Chávarry, duas pessoas morreram na semana passada em acidentes de trânsito e um adolescente de 13 anos perdeu a vida após ter caído em um rio enquanto tentava fugir da polícia em Huancayo.
Entretanto, o ministro do Comércio Exterior e Turismo, Roberto Sánchez, se referiu no domingo a uma quarta vítima: um professor que morreu por não poder comparecer à diálise por causa do bloqueio da estrada.
Em resposta a estes protestos contra o aumento dos preços dos combustíveis, Castillo decretou estado de emergência e toque de recolher obrigatório em Lima e na província vizinha de Callao na segunda-feira, embora essas duas províncias não tenham sido em grande parte afetadas pela greve.
No entanto, o presidente reverteu a ordem, de surpresa, sete horas antes do prazo previsto, depois de milhares de cidadãos terem saído para protestar em Lima e terem desafiado o toque de recolher obrigatório.