O Congresso peruano revogou nesta quinta-feira (18) as polêmicas leis de investimento na Amazônia, normas que indígenas se opuseram com violentos protestos na selva do país que deixaram 34 mortos. A decisão pode encerrar a pior crise enfrentada pelo presidente Alan García.
A anulação das leis foi aprovada após uma acalorada discussão de quatro horas com 82 votos a favor e 14 contra.
Os decretos legislativos 1090 e 1064, que os nativos amazônicos consideram uma ameaça a seus territórios ricos em recursos naturais, foram promulgados no ano passado pelo governo de García no marco regulatório do pacto de livre comércio assinado pelo Peru com os Estados Unidos.
García reconheceu na noite de quarta-feira (17) erros de seu governo como não dialogar com os nativos antes de elaborar as polêmicas leis e pediu ao Congresso que revogasse as normas.
"O dia de hoje é um dia histórico para todos os indígenas e toda a nação do Peru", disse a jornalistas a vice-presidente da organização indígena conhecida por sua sigla Aidesep, Daysi Zapata, vestida com uma túnica tradicional e colares usados por nativos amazônicos.
"Estamos todos aqui porque cremos que as demandas dos indígenas foram justas", acrescentou a dirigente.
A decisão do Congresso foi aplaudida por uma delegação de nativos, vestidos com roupas tradicionais e plumas, que celebraram a medida no Parlamento.
Com a revogação das duas leis, espera-se que a tensão social baixe a temperatura, enquanto o governo pode encarar outros conflitos com sindicatos que avaliam convocar uma greve nacional para o dia 8 de julho, para pedir melhoras trabalhistas e geração de mais empregos.