O ex-general Pervez Musharraf, que presidiu o Paquistão entre 1999 e 2008, foi novamente colocado em prisão domiciliar, poucas horas depois de ser libertado mediante o pagamento de fiança, informou nesta sexta-feira (11) uma fonte policial.
Em uma inesperada reviravolta judicial, o ex-chefe do Exército recebeu ontem a visita de uma equipe policial em relação a um caso aberto, mas quase paralisado, pela operação das forças de segurança em 2007 contra um grupo de fundamentalistas em Islamabad.
A visita policial, que desembocou na quinta-feira (10) à noite em uma ordem de prisão domiciliar, aconteceu apenas algumas horas depois que os tribunais ordenaram a libertação do ex-presidente, imerso em um emaranhado de casos judiciais.
"Musharraf terá agora que se apresentar perante um tribunal de primeira instância para prestar depoimento e o juiz decidirá as medidas que serão tomadas", detalhou o porta-voz policial Naeem Ali.
Na operação de 2007, supostamente ordenada por Musharraf, mas negada pelo mesmo, cerca de 100 pessoas morreram, segundo a versão oficial. A ofensiva foi feita contra a Mesquita Vermelha de Islamabad, depois que um grupo de radicais se refugiaram dentro dela.
O processo foi apresentado por um filho do clérigo radical Abdul Rashid, que responsabiliza Musharraf pela morte de seu pai durante o ataque.
Após seis meses preso em seu sítio nos arredores de Islamabad, o ex-general tinha conseguido a liberdade condicional em três dos principais casos abertos contra si, mas não contava com a reabertura do caso da Mesquita Vermelha, até agora praticamente parado.
A imprensa local informou que Musharraf depositou 4 milhões de rúpias (US$ 40 mil) para pagar a fiança de três causas diferentes. Com isso, foi emitida uma ordem de liberdade condicional e tudo levava a crer que o ex-general seria libertado.
O advogado do ex-ditador, inclusive, afirmou na quarta-feira que Musharraf "poderia ir para Dubai ou para onde quisesse", depois que um tribunal de Quetta retirou a ordem de prisão no único caso que ainda o mantinha detido em sua luxuosa mansão da capital.
O ex-militar é alvo de vários processos, todos relativos à época em que comandava o país.
Uma se refere à decisão de seu governo de impor o estado de emergência e prender dezenas de juízes em 2007, e também está sendo processado por sua suposta responsabilidade na morte violenta do líder nacionalista do Baluchistão, Nawab Akbar Bugti, em 2006.
Musharraf também foi acusado formalmente em agosto de conspiração para assassinar a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, morta em um atentado em 2007 que nunca foi esclarecido.
A pressão judicial contra o antigo general começou pouco antes das eleições gerais de maio deste ano - Musharraf foi preso em abril -, das quais não pôde concorrer após ser desqualificado pelos tribunais eleitorais.
Musharraf, o único dos quatro ditadores militares do Paquistão que foi acusado formalmente em um tribunal e preso, tinha retornado semanas antes ao Paquistão após ter vivido fora do país por quatro anos.
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