Em Curitiba, antenas só em área comercial
Na capital paranaense, desde o fim de 2005, há uma regulamentação para licenciamento e implantação de torres de telefonia celular baseada no urbanismo da cidade. A lei especifica quais as zonas urbanas que podem receber este tipo de instalação de acordo com pareceres das secretarias do Meio Ambiente e Urbanismo. De acordo com a lei, as antenas de telefonia celular são proibidas nas zonas residenciais e escolares, no setor comercial de Santa Felicidade e nos setores de habitação de interesse social e histórico.
As antenas usadas pela telefonia celular não são nocivas à saúde, de acordo com o estudo realizado na Inglaterra com pessoas que alegavam sentir-se mal quando expostas à radiação. O estudo é mais um revés para a idéia, defendida por muitos, de que os campos eletromagnéticos de baixa intensidade gerados por telefones móveis e estações de rádio-base são perigosos.
Os pesquisadores trabalharam com antenas telefônicas das tecnologias 2G e 3G, que foram dispostas em um laboratório onde nem os participantes nem os pesquisadores sabiam se os equipamentos estavam ligados ou não. A estrutura foi montada para se assemelhar ao máximo às emissões de uma antena telefônica instalada a 20 ou 30 metros da pessoa. "As evidências de que as pessoas não conseguem detectar os sinais são bem claras", declarou Elaine Fox, da Universidade de Essex, que conduziu a pesquisa publicada na semana passada na revista científica Environmental Health Perspectives.
Das 159 pessoas que participaram do experimento, 44 alegaram ser sensíveis aos equipamentos eletrônicos. A princípio, os participantes foram informados de que o campo elétrico seria acionado durante o teste. Os participantes "eletrossensíveis" alegaram ter sentido sintomas desagradáveis, como dores de cabeça e náusea, sob estas condições. Em três outros testes, os pesquisadores alternaram a emissão de radiação 2G e 3G com momentos de nenhuma emissão. As provas foram feitas sob a forma de teste duplo-cego, no qual nem os participantes nem os pesquisadores sabiam se o equipamento estava ligado ou não. Nessas condições, dois dos indivíduos que se classificavam como eletrossensíveis e cinco do grupo de controle identificaram quando havia radiação um índice que, segundo os pesquisadores, é igual ao que seria obtido apenas por palpite.
A equipe também monitorou os batimentos cardíacos, a pressão sanguínea e o suor de todos os indivíduos. Todos esses índices deveriam subir caso os participantes estivessem sofrendo sintomas de desconforto ou ansiedade. Os eletrossensíves tiveram resultados mais altos do que o grupo de controle para todos os testes, mas os valores não variavam quando a radiação era acionada ou desligada.
Ativistas contra as antenas alegaram que os resultados foram distorcidos devido à desistência de 12 dos voluntários, que alegavam ser sensíveis a equipamentos eletrônicos. "Até mesmo uma criança pode ver que se eliminarmos 12 dos 56 voluntários eletrossensíveis estaremos invalidando a integridade do estudo", declarou em nota o grupo Mast Sanity, que argumenta serem estas pessoas possivelmente as mais sensíveis à radiação.
A autora do experimento contesta, alegando que os pesquisadores trabalharam com 44 pessoas e que, dos desistentes, nenhum foi capaz de identificar quando a radiação estava acionada ou não durante os testes duplo-cego. Por outro lado, os números reduzidos realmente implicam que o poder estatístico do experimento foi comprometido. A pesquisadora admite que há 30% de probabilidade de que o experimento tenha perdido seu efeito real devido à amostra pequena.
Alguns dos "antiantenas", no entanto, ficaram impressionados pelo estudo. "A equipe de Essex conduziu um dos mais bem elaborados e conduzidos estudos até hoje", declarou em nota o grupo Powerwatch. A professora Elaine Fox disse que os cientistas e os pacientes deveriam agora se concentrar na busca das causas reais dos sintomas. "Se as pessoas estão certas de que sofrem devido as antenas de telefonia celular, elas deixam de buscar outra explicação para este sofrimento", diz.
Dos que alegam serem sensíveis a equipamentos eletrônicos, muitos sofrem de sintomas similares aos da gripe, como dor de cabeça, olhos lacrimejantes ou sensação de queimação. Para alguns, o sofrimento é tamanho que eles se recolhem em casa e cobrem as paredes com papel alumínio. Outros chegam até mesmo a se mudar para o interior.
James Randerson, do The GuardianTradução: Thiago Ferreira
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